Alunas da UFBA realizam projeto de fomento à leitura na infância
A ação cultural “Ler Para Ser” resultou num livro feito por crianças de uma escola pública de Salvador
Por: Glenda Dantas
A leitura, além de proporcionar entretenimento, também apura o senso crítico, amplia o conhecimento, enriquece o vocabulário e desenvolve o afeto. Foi pensando nisso que as estudantes de Produção Cultural da Facom-UFBA Brenda Matos e Gabriela Blenda, desenvolveram o “Ler Para Ser”.
O projeto para publicação de um livro escrito por crianças de uma escola pública de Salvador foi cadastrado na plataforma de financiamento colaborativo Logos – Cultura Universitária. E captou 100% dos recursos necessários para publicar o material. De acordo Gabriela “estamos conversando com uma designer para diagramar o livro e depois levaremos à gráfica”. Ao todo, serão impressos até 05 de fevereiro 25 exemplares do livro, que serão entregues às crianças que criaram a história e às pessoas que contribuíram com o projeto.
Um levantamento feito em 2016 pela Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), concluiu que o índice de alunos com nível insuficiente de leitura foi de 54,73%, num panorama de mais de dois milhões de alunos, em 48 mil escolas públicas. Na Bahia o quadro se agrava, onde o número alcançou 73%, sexto pior resultado do Nordeste.
Em virtude desses dados, as estudantes escolheram uma instituição pública, a Escola Silvio Dórea, localizada no bairro de Pernambués, em Salvador, para realizar a ação cultural. “Além de termos um vínculo pessoal, a escola se enquadrou, por já desenvolver um projeto cultural que acabou por falta de recursos”, explica Brenda. Em 2015, a unidade sediou o Grupo de Apoio Educacional a Comunidade (Gaeec), que oferecia nas manhãs de sábados, aulas de teatro, break, grafite e xadrez, além de atividades esportivas, como futsal, voleibol, basquete, handebol. Pela literatura não ter sido uma das temáticas do Gaeec, Brenda e Gabriela viram nisso uma oportunidade.
“Ler Para Ser” – A Escola Silvio Dórea, além de possuir espaço e turmas pequenas, conta com apenas duas professoras, Eliana Silva e Ana Lúcia Santos. Através delas os alunos foram avisados do projeto, e “foram muito receptivos” na primeira visita à escola, na manhã do dia 22 de novembro de 2017, conta Gabriela.
O projeto foi aplicado numa turma com 10 alunos, com idades entre 8 e 10 anos. Durante a ação, Gabriela e Brenda deixaram uma “Caixa das Ideias” com objetos variados, como boneca, bichos de pelúcia e sapato de brinquedo. As crianças, com olhos fechados, pegaram um dos objetos e, a partir disso, criaram personagens e narrativas envolvendo o objeto sorteado. As narrativas resultaram em desenhos feitos à mão e na história, que eles intitularam de “Dez Amigos e a Viagem dos Sonhos”.
Para Brenda, pensar projetos que fomentam a leitura, é estar colaborando na construção de “cidadãos sensíveis”. Gabriela concorda e pontua que realizar o projeto “foi aprendizado para todas as partes envolvidas. As crianças estão com uma grande expectativa pelo livro. Isso mostra que, de fato, havendo um estímulo na infância, o interesse pela leitura é despertado”.
