#Enecult: Simpósio abre espaço para discutir direito, liberdades e participação

Conversa em roda debate sobre os coletividade e alternativas para o futuro

Por Madson Souza

“Encontro para compartilhar afeto, fazer política e estar junto”, resume José Márcio Barros, doutor em comunicação e cultura, que coordenou o simpósio “Diversidade cultural e desenvolvimento: Direito, liberdades e participação”. A discussão aconteceu no Teatro Experimental, da Escola de Dança, durante o Enecult 2019. 

O início desse texto não é uma daqueles comentários propagandistas. A mesa do café da manhã e as apresentações em roda, com direito a dança e uma palavra para definir o espírito do dia concordam com a frase de abertura. Palavras de destaque nas apresentações foram resistência, ancestralidade e compartilhamento.

A diversidade de personalidades entre os 21 convidados era um dos objetivos dos organizadores. “Pessoas que atuam na universidade, pessoas que atuam na militância, justamente para gerar essa troca”, explica Luana Vilutis, uma das coordenadoras da roda. 

Convidados e participantes se dividiram em dois grupos que foram para salas distintas. Já separados, mas de novo em roda, os convidados foram os primeiros a falar trazendo suas experiências em suas respectivas áreas de atuação. 

Compartilhar reflexões
“A ideia é que possamos compartilhar nossas reflexões para gerar novas ideias e que possamos sair daqui fortalecidos”, fala Kátia Costa, que também coordenou a atividade. As falas tiveram como tema principal a resistência em diversos âmbitos e ideias contrárias à marginalização da população negra e periférica. 

José Eduardo Ferreira, curador do Acervo da Laje, foi um dos comentadores mais ativos questionou fortemente a relação da academia com a periferia. De acordo com ele, os pesquisadores se aproveitam de um conteúdo já existente, mas sem nunca revelar a verdadeira autoria daquele saber, tornando-se os novos autores. 

“Salvador não reconhece a periferia. Não vamos mais ser receptores da universidade. Somos autores do nosso conhecimento e do mesmo jeito que reconhecemos outros autores, também queremos ser reconhecidos e não somos”, afirma José Eduardo Ferreira. 

Outro tema presente nas falas foi sobre a importância desse momento de encontro e uma necessidade de união. “Uma oportunidade de fazer política e uma política com compromisso, dignidade e direitos. Também pensar em alternativas, pensar formas de resistência para que os direitos e à cultura não sofram mais retrocessos do que já têm vivido”, explica José Márcio Barros.   

Juntos
A conclusão geral foi sobre a importância de um espaço como o Enecult, como dito por Luana Vilutis. “O Enecult é o espaço para essa troca e construção e articulação de saberes. Para podermos realmente ter um diálogo de escuta, respeito à alteridade, uma construção de algo novo”. 

Enquanto José Eduardo Ferreira foi ainda mais específico e apontou o que precisamos para seguir em frente. “O conhecimento precisa passar pelo afeto e pela relação com a cidade. Se não for por isso vamos ficar sozinhos e a mercê do medo e do que vem por aí”, concluiu.  

 

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