Dicas para quarentena: Geovana indica filmes do Studio Ghibli na Netflix

Por Geovana Oliveira*

Essas não são dicas de um otaku. Na realidade, até pouco tempo sequer sabia o significado dessa palavra, usada para identificar os fãs de animes ou mangás. Tampouco gostava de animações, fossem japonesas ou ocidentais. Na infância era mais fã de Julia Roberts do que da Cinderella. Mas os tempos mudam e, em alguns momentos, a vida pede um pouco mais de magia para aliviar os dias. Foi assim que decidi dar a chance para uma animação que a Netflix me sugeriu: A Viagem de Chihiro, uma produção do Studio Ghibli. E é assim que aqui estou, a – mais nova – defensora número um desse estúdio de animação japonês, para compartilhar alguns filmes com vocês. 

Vou listar eles aqui em uma ordem que considero ser boa para a iniciação. Mas, de qualquer forma, todos são excelentes opções para deixar o coração mais leve. 

1- A Viagem de Chihiro (2001)
Essa é a produção mais famosa do estúdio. Dirigida por Hayao Miyazaki, ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2003. 

Conta a história de Chihiro, uma garota que está de mudança com os pais. No meio do caminho, eles encontram um atalho e entram em uma espécie de “parque de diversões”. Tudo muda quando os pais da menina encontram uma mesa repleta de comida e, de tanto comer, viram porcos. É assim que Chihiro percebe estar em um outro mundo, onde existem bruxas, dragões, espíritos, deuses e criaturas de todos os tipos. Agora, com a ajuda de Haku, ela terá que trabalhar para a bruxa Yubaba até conseguir libertar os pais.

O filme é repleto de simbologias e detalhes. Discute temas como identidade, amadurecimento, dedicação, amor puro e generosidade, além de fazer críticas ao capitalismo. Tudo isso com uma menina de 10 anos como protagonista. 

Uma das minhas cenas preferidas é quando depois de tantas transformações na vida de Chihiro, Haku a alimenta com “bolinhos mágicos” e, à medida que ela come, começa a chorar cada vez mais, mas também fica mais forte. Retrata o crescimento de uma forma muito sensível. 

A_Viagem_de_Chihiro

2- Princesa Mononoke (1997)
Nesse filme é possível ter uma noção maior das críticas de Miyazaki, roteirista e diretor, ao capitalismo. O filme aborda a industrialização desenfreada que destrói a natureza, mas sem desumanizar os trabalhadores. 

Apesar do nome, o longa começa quando a aldeia de Ashitaka é atacada por um demônio. O príncipe consegue matá-lo, mas acaba sendo ferido e envenenado. Para não se tornar um demônio como o que matou, parte em busca da cura na floresta encantada. 

Seguindo a tradição de personagens femininas fortes, Ashitaka logo conhece San, a Princesa Mononoke, e Lady Eboshi. A primeira, criada por lobos, rejeita a humanidade e faz de tudo para defender a floresta. A segunda é a líder de um povoado que, devido à manipulação do minério de ferro, vive em guerra com as criaturas da natureza. As duas são personagens complexos, não sendo uma dualidade comum entre bem e mal.  

Além do roteiro, o filme encanta pelo visual. As cenas da natureza são todas muito lindas.

Princesa Mononoke

 

3- O Castelo Animado (2004)
O meu preferido. Também dirigido e roteirizado pelo meu queridíssimo Hayao Miyazaki.

Sofia é uma jovem de 18 anos que trabalha na chapelaria do pai. Por conta de um mal entendido, é enfeitiçada e se torna uma velhinha de 90 anos. Sentindo todas as novas limitações, parte em busca da cura, até que se depara com o Castelo Animado de Howl, um mágico conhecido por roubar o coração de jovens bonitas.

Esse filme traz algumas mensagens semelhantes às de A Viagem de Chihiro. Também repleto de simbologias, embaixo da superfície aborda temas como resiliência, determinação, propósito, amor verdadeiro, inocência, pureza de coração e amizade. 

O Castelo Animado

4- Meu Amigo Totoro (1988)
Junto com o Túmulo dos Vagalumes, foi o filme de lançamento do estúdio. O filme é tão emblemático que o símbolo do Studio Ghibli é o Totoro.

Esse é um dos longas mais leves. Sem nenhum grande inimigo ou mal para lutar contra, a história equilibra magia e humanidade de forma muito fofa. No filme acompanhamos a mudança de um pai e suas duas filhinhas para o campo, onde podem ficar mais perto do hospital em que a mãe está internada. Lá as meninas conhecem os Totoros, espíritos da natureza que só podem ser vistos por elas.

Meu amigo totoro

5- Sussurros do Coração (1995)
Esse filme, dirigido por Isao Takahata, não tem bruxas ou espíritos da natureza como os indicados acima. Apesar de o pôster indicar um filme de aventura, é o tipo de história sobre a vida em que a magia está nos próprios personagens. 

Shizuku é uma estudante que passa a maior parte do seu tempo na biblioteca. No verão, decide ler 20 livros. Curiosamente, o nome de Seiji Amasawa já está assinado na ficha de todos eles. Depois de algumas implicâncias, os dois se aproximam e passam a compartilhar a vida. 

Gosto de como Sussurros do Coração aborda os relacionamentos a partir do amor inocente entre duas crianças. Os dois personagens dão força um ao outro e se incentivam a crescer, tanto pelo exemplo como pelo apoio. O filme retrata a busca de cada um em seguir seu próprio caminho – o caminho do coração -, para depois ficarem juntos. 

Sussurros do Coração

6- O Serviço de Entregas da Kiki (1989)
Com direção de Miyazaki, esse é outro dos filmes leves do estúdio, mais parecido com Meu Amigo Totoro. 

Acompanhamos Kiki, uma bruxinha de 13 anos, que segue a antiga tradição da família: quando completam essa idade, as bruxas devem sair de casa para um processo de aprendizado que dura um ano. Nesse período elas devem encontrar seu próprio lugar e a própria vocação. Assim, ela e seu gato Jiji sobem na vassoura até chegar em Korico.

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*voluntária da Agenda Arte e Cultura

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