Projeto “Educação e Ciências” debate “Movimento Negro, Ações Afirmativas e Universidade”
A convidada da semana é a professora Nilma Lino
O recém criado projeto “Educação e Ciências”, ligado à disciplina “Tópicos em Ensino, Filosofia e História das Ciências” do Programa de Pós-graduação em Imunologia recebe essa semana Nilma Lino, professora da Faculdade de Educação da UFMG. O evento será na próxima quinta-feira (26), das 18h30 às 21h, no canal “Educação e Ciências” no YouTube.
A coordenadora do projeto, Deise Vilas Bôas (Departamento de Biomorfologia – ICS/UFBA), ressalta a pertinência do debate durante o “Novembro Negro”, incluindo a celebração do Dia da Consciência Negra, e destaca a importância desse debate acontecer dentro da UFBA na presença de uma personalidade de referência no cenário nacional e internacional.
“É muito especial trazer para este momento a Nilma Lino, uma sumidade em relações étnico-raciais e educação. Sem dúvidas, será um dos pontos altos deste projeto. Além de pesquisadora de elevado valor acadêmico e com belíssima trajetória política, ela é uma das maiores ativistas de igualdade racial e de gênero da atualidade. Abordar ações afirmativas a partir da perspectiva do Movimento Negro é a própria vida e verdade da existência de Nilma Lino”.
Nilma foi a primeira mulher negra no Brasil a ser empossada no cargo de reitora de uma universidade federal e foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos no governo da presidente Dilma Rousseff. “Nilma Lino nos ofertará sem dúvidas uma fala muito qualificada e legítima, ao mesmo tempo acessível a todos pela genuinidade da sua pessoa. Estamos muito honrados e gratos”, destaca Deise.
Deise também explica as principais bases do projeto “Educação e Ciências”: “Estamos felizes por propor esses debates de dentro de um Instituto de Ciências da Saúde porque o diálogo com as Ciências Humanas, Filosofia, Artes e Letras é ainda na atualidade limitado ou até mesmo ausente. Além disso, o enfoque em Cidadania e Direitos Humanos muitas vezes não é aplicado dentro dos processos de ensino-aprendizagem. Em uma abordagem mais contemporânea, tanto na área de Educação quanto em Ciência, todos os caminhos levam à interdisciplinaridade como campo de respostas mais amplas e profundas aos desafios do mundo. E essa rede precisa estar alinhada com a prática de Cidadania e Direitos Humanos, para que as devidas correções históricas sejam realizadas”, pontua Deise.
A coordenadora do projeto também ressalta o caráter horizontalizador das conversas entre Universidade e rede básica de Educação pública proposto no Educação e Ciências. “Acreditamos que parte importante da reformulação conceitual da Educação desenvolvida tanto na Universidade quando nas escolas passa necessariamente por esta troca de saberes, com escuta respeitosa, desconstruindo a noção de que o magistério superior tem sempre algo mais importante ou mais definitivo a dizer. Universidade e escola precisam caminhar com autonomia, porém articuladas e apoiadas mutuamente. Fortalecer, respeitar e estar perto da Educação básica é fortalecer a própria Universidade”, afirma. E lembra dos dez debates envolvendo articulação da UFBA com outras universidades públicas do Brasil – como UESC, UFRJ, USP e UFMG – e com alunos e professores da rede básica e da Universidade.
Nilma Lino Gomes, conferencista da semana para a Live do projeto “Educação e Ciências”, foi reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB) e foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial -SEPPIR – (2015) e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos (2015-2016) no governo da presidente Dilma Rousseff. Atualmente, ela é associada da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), da qual foi presidenta.
A mesa debatedora será composta por Anne Bittencourt (mestranda do Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade – PPGEISU/UFBA); Ednilson Sacramento (Jornalista, ativista e graduando em Produção Cultural – FACOM/UFBA); Marcilene Garcia de Souza (Prof.a. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA/Campus Salvador e Chefe da Diretoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis do IFBA); Reginaldo Alves (mestrando em Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação – UNEB e membro do Grupo de Pesquisa INTERGESTO na linha de pesquisa “Decolonialidade e Estudos Subalternos”) e Vércio Gonçalves (doutorando do Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura – PPGLitCult/UFBA e militante pelos coletivos De Trans Pra Frente, Transbatukada e CATS – Coletivo de Artistas Transmasculinos).