Maratonistas de Quarentena: curta-metragem baiano conquistou festivais nacionais e chegou ao grande Festival de Cannes

2021.08.13 - ilustracao de clara para inara

A Agenda conversou com os diretores a respeito do processo de criação do filme,

premiações e futuros projetos.

Por Inara Almeida

Dias depois da maior celebração popular do mundo, repleta de aglomerações, fomos acometidos pela necessidade de fazer quarentena por conta da Covid-19. O comércio foi fechado, as saídas de casa foram restringidas ao essencial, o home office e as aulas virtuais foram adotadas. De repente, todo mundo precisou lidar com o medo do desconhecido, a ansiedade, as perdas, a adaptação ao virtual, o tédio e a saudade. Foi pensando nessa realidade que Eduardo Tosta e Karol Azevedo produziram, em 48 horas, o curta-metragem Maratonistas de Quarentena.

Produção independente, o curta é uma animação que narra a quarentena enquanto uma maratona, cheia de dificuldades e superações. A ideia surgiu de Karol, que é estudante de design e trabalha com direção de cena, pós-produção e animação, através de desenhos que retratavam suas atividades durante o isolamento social. Com o crescimento da interação nas redes, ela se juntou ao amigo e estudante de Cinema e Audiovisual Eduardo, que produziu o roteiro do filme.

A ideia de estar 24 horas por dia em casa gerou, em muita gente, a necessidade de buscar novos afazeres para preencher completamente a rotina. Foi pensando nessa pressão e cansaço que Eduardo sugeriu a figura do maratonista.

“Quando Karol veio com a proposta de transformarmos as ilustrações em um filme, eu dividi esse sentimento com ela. Eu surgi com a ideia do Maratonista, porque parecia um ponto perfeito entre não ironizar o momento delicado onde tantas vidas estavam se esvaindo e trazer um tom esperançoso, sem tanta melancolia, para os próximos dias que viriam” disse o roteirista.

No filme, o personagem principal narra a sua corrida contra o tempo para se manter informado, saudável, criativo, sociável, midiático e produtivo. Quando questionada sobre a construção da rotina presente no curta e a possível identificação das pessoas, Karol afirma que tem muito da experiência de amigos e da sua própria.

“Alguns amigos começaram a interagir sugerindo novas ações do cotidiano, então parte do que é retratado ali são coisas que foram sugeridas por amigos e os personagens são inspirados em pessoas reais. Retratamos o que estava dentro das nossas realidades sociais e financeiras mas, ainda assim, foi sentido por muitas pessoas, independente da cultura e nacionalidade”, conta.
MARATONA DE FESTIVAIS

O sucesso de Maratonistas de Quarentena fica evidente ao ver a lista de festivais nacionais e internacionais a que foi indicado. Dentre os mais importantes, se destacam o Festival Tainha Dourada 2020 (SC), que venceram como melhor animação, CINEOP- 15ª Mostra de Cinema- MG, Circuito Penedo de Cinema 2020(AL), Early Bird Internacional Student Film Festival e Short Film Corner 2021, no grande Festival de Cannes. Karol e Eduardo não puderam acompanhar de forma presencial o festival devido às questões de fronteira entre Brasil-França.

A participação em festivais e o consequente ganho de visibilidade para os diretores foi de muita importância para a prospecção de novos contatos, além da oportunidade que tiveram de apresentar futuros projetos e obter possíveis financiamentos. Os diretores reiteraram a importância dos festivais enquanto vitrine para o cinema independente e disseram estar animados para o que vem a seguir.

A produtividade da dupla está a todo vapor. Agora, depois de conseguirem respirar diante do grande sucesso de Maratonistas de Quarentena, eles estão trabalhando no novo curta-metragem de Karol Azevedo, Norma, que fala sobre uma idosa trans que é colocada num asilo conservador e se vê tendo que voltar a vestir roupas masculinas. Em seguida, irão produzir Engole Sapos, de Eduardo Tosta, que traz a temática do bullying.

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