“Com a dança eu consigo dizer com o meu corpo o que não consigo falar com a boca”: conheça os movimentos de Deyse Silva

Imersa no mundo da dança na infância, Deyse tem hoje a linguagem artística como um canal de posicionamento político e construção da sua identidade

Por: Ruan Amorim

Foi no bairro Nordeste de Amaralina, através de um projeto social na infância, que a dançarina profissional e estudante de produção em comunicação e cultura Deyse Silva, 22, teve seu primeiro contato com o mundo da dança e tomou gosto por essa linguagem artística. Hoje, a dança é a sua missão de vida e também um potencializador da sua voz.  “Com a dança eu consigo dizer com o meu corpo o que não consigo falar com a boca”, afirma Deyse. 

Desde que percebeu nos movimentos do seu corpo a oportunidade de um novo canal de fala, vários estilos de dança passaram pela sua vida. “Eu já dancei balé, moderno, afro, contemporâneo e danças populares”, conta a artista que contempla na arte de dançar um movimento político. “Com essa linguagem, eu consigo falar, denunciar e me impor”, completa.

Foto: arquivo pessoal.
Foto: arquivo pessoal.

Apesar de hoje a dança representar tanto para Deyse, até ela decidir que queria ser uma dançarina profissional, muito chão foi percorrido. Na infância, dançar era um hobbie e também a materialização de um desejo da sua mãe, que sempre sonhou em ser uma bailarina. Nesse processo, a vontade de estar no palco e de transmitir os mais variados sentimentos para o público por meio da sua performance como artista foi aflorando e desaguou no propósito de dançar os mais diversos tipos de danças.

Identidade 

Contudo, para além de ser uma arte que proporciona a Deyse despertar emoções nas pessoas à sua volta, a dança a move e a encanta também por outras possibilidades.  “O que me move na dança é a vontade de me descobrir a cada dia como uma pessoa forte e potente. É a vontade de fazer coisas que ainda não sei. O que me move é a descoberta, a vontade de aprender coisas novas e superar os meus limites. A dança me permite sempre aprender algo novo”, afirma a artista.

Dentre as inúmeras coisas que essa arte lhe permite, Deyse conta que a construção da identidade é uma delas. Segundo a artista, a cada dança, ela se reconhece e se descobre, uma vez que essa linguagem artística atua como um movimento de autoconhecimento na vida de Deyse. “Com a dança, eu me conheço, fortaleço e me  reafirmo e ocupo os espaços”, diz. Para a dançarina, a dança é afirmação do que ela é e  do que deseja ser, além de uma ação de cura e transformação.    

“Eu acredito muito nesse lugar, em que a dança não é só algo bonito ou um objeto que a gente pode contemplar, e sim uma uma arte que consegue transformar as nossas vidas e curar nossas dores. Quando eu danço, as minhas feridas são curadas”, ressalta Deyse.

Inspiração

Nesse amplo setor artístico que tanto significa para Deyse, os bailarinos de renome viram inspiração para quem está começando na carreira. Contudo, a artista prefere ter como referência quem está um pouco mais próximo da sua realidade e rotina: os amigos. 

“Eles estão comigo todos os dias em sala, partilhando do aprendizado. Nesse processo,  a gente aprende, erra, grita e chora juntos. As pessoas que estão ao meu lado me ensinam inúmeras coisas, são as minhas inspirações”, destaca a artista que tem a dança como uma extensão da sua voz e também como um eixo fundamental da sua identidade. 

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