No mês da visibilidade lésbica, grupo A Panacéia apresenta o espetáculo “Filipa”

 

Nesse mês em que se celebra a visibilidade e o orgulho lésbico, a companhia teatral ‘A Panacéia’ retorna a Salvador trazendo a trajetória de força de Filipa de Souza, a primeira mulher condenada pela Inquisição na Bahia.  O monólogo ‘Filipa’ faz parte do projeto ‘Mulheres na História e Histórias da cidade’, e está em cartaz entre os dias 16 e 25 de agosto, sempre de sexta a domingo, às 19h, no Teatro Gregório de Mattos.  Os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 20.

Inspirado no processo número 1267, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal, intitulado ‘Processo de Felipa de Sousa cristã velha presa no cárcere do Sancto Officio”, o espetáculo conta a história de Filipa, cuja trajetória é marcada por coragem e desafio às convenções sociais, que foi acusada de ‘sodomia’ devido aos seus relacionamentos afetivos e sexuais com outras mulheres.  O registro histórico revela não apenas a história de Filipa, mas de outras 29 mulheres que foram acusadas do mesmo pecado: relacionamento com outras mulheres, das quais sete foram julgadas e punidas pela Inquisição.

Como explica Camila Guilera, que dá vida à personagem, “não sabemos nada mais sobre seu paradeiro após ser expulsa de Salvador, por isso, escolhemos o teatro para recriar a vida dessa personagem que tanto nos instiga, dando vazão a seus anseios e pensamentos”.  

A temporada contará com seis apresentações Na primeira semana, teremos a participação da historiadora Valdecir Nascimento, líder e ativista conhecida por sua atuação na Rede de Mulheres Negras do Nordeste e por sua dedicação em promover políticas para as mulheres, para conversar sobre “História, lesbianidades e interseccionalidade”. A sessão do dia 16 contará com recursos de acessibilidade: tradução em Libras e audiodescrição. Já no dia 23, integrantes da equipe do espetáculo (atriz e diretora) vão participar de uma conversa descontraída com o público presente, compartilhando o processo de criação de “Filipa”.

A montagem do espetáculo Filipa integra o projeto “Mulheres na História e Histórias da Cidade”, contemplado pelo edital Gregórios – Ano III, com recursos financeiros da  Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.

Sobre a Panaceia

Ana Luísa e Camila se conheceram nas aulas de teatro ainda adolescentes e os palcos nunca mais saíram de suas vidas. A grupa, que completa 16 anos de trajetória, já passou por diversas configurações, sempre sendo formada por mulheres e trazendo questões de gênero em suas narrativas, como na montagem de “EU PAGU”, que retratou uma importante figura histórica brasileira e, agora, com “Filipa”.  Outra característica da grupa é o forte envolvimento com o processo de construção de cada espetáculo, gerando de forma colaborativa pesquisa, escrita de texto, produção… Um entendimento de que teatro é um trabalho coletivo e integrado.  As atividades educativas e pensar o teatro como espaço de expressão, experimentação e transformação também fazem parte dessa história, já que Camila e Ana são educadoras. Um exemplo disso é o projeto MENINAS PODEM! que desde 2019 investiga histórias de mulheres da História de maneira lúdica e divertida, através de processos de pesquisa e ações formativas.

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