VIII Semana de Biologia tem abertura durante a ACTA 13
*Por Vanice da Mata
A VIII Semana de Biologia (SemBio) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) deu a largada para as atividades da ACTA 13 – Semana de Arte, Cultura, Ciência e Tecnologia, que acontece de 21 a 25 de outubro em diversos espaços da Universidade. Na última segunda-feira, das 14h às 16h, a mesa redonda de abertura da Sembio discutiu Biologia, Cidade e Sociedade.
A professora e diretora do Departamento de Biologia Geral, a doutora Sueli Almuiña, abriu a tarde contextualizando o percurso histórico da SemBio. O tradicional caruru que marcava a integração entre funcionários e professores deu lugar a um novo caráter. As comemorações em torno do dia do Biólogo (3 de setembro), a partir de 2002 seriam recheadas com palestras sobre temas atuais, mesas redondas, minicursos, oficinas e apresentações de trabalhos feitas por estudantes da graduação e da pós-graduação na área. Este ano, a semana acontece em outubro devido a mudanças do calendário acadêmico da UFBA, em função de greves que fizeram o segundo semestre letivo do ano de 2013 começar no corrente mês.
Dando prosseguimento ao encontro, Sueli convidou os professores Wendel Henrique, pós-doutor em Geografia Urbana, Aruane Gazerdin, mestre em Arquitetura e Urbanismo e doutora em Artes Plásticas, e o professor do Instituto de Biologia da UFBA, pós-doutor em Filosofia da Natureza e Estudos da Ciência, e também coordenador do Café Científico Salvador, Charbel Niño El-Hani para comporem a mesa.
Em sua fala, o professor Wendel Henrique abordou momentos da história da cultura que possibilitam compreender a apropriação da natureza – real e simbólica – por parte dos homens no ambiente das cidades. Tal digressão permitiu a abordagem desde o classicismo, onde a ideia de natureza prevalente era dela como sendo o belo, com base no mito, chegando à contemporaneidade, onde a ideia de incorporação da natureza ao território traz, sobretudo, o fenômeno da apropriação desta pelos grandes empreendimentos imobiliários. A Professora Aruane optou pelo compartilhamento de experiências dentro do contexto urbano que mostraram que é possível construir soluções que acolham manifestações da natureza em seu “estado bruto”, de modo a tornar a interação homem e natureza mais harmônica o tanto quanto possível. Destacou também a importância da profissão do biológo neste novo desenho dos espaços urbanos.
O professor Charbel, por sua vez, reivindicou um papel mais central para a extensão e a pesquisa dentro da vida na UFBA. “Apesar de todo o esforço da PROPCI (Pró-Reitoria de Pesquisa, Criação e Inovação) e da PROEXT (Pró-Reitoria de Extensão) trabalhando neste sentido, a gente ainda não chegou na cultura acadêmica aqui na universidade”, reconheceu o docente. A partir da fala de Wendel e de Aruane, contextualizou a imagem equivocada que o homem criou do que entende por natureza, como aquela coisa “certinha”, diametralmente oposta à dinâmica da floresta, sempre muito rica em diversidade. “O mato é a natureza em sua verdade”, reconheceu Charbel. Ele chamou atenção também para o fato de que o verde virou uma peça de marketing para a especulação imobiliária. “A gente dá uma ênfase muito grande ao discurso ambientalista, mas parte da razão disso tudo é por causa deste discurso. E isso é interessante para a gente refletir sobre como os discursos que a gente acha necessariamente do bem podem virar discursos do mal; e vice-versa. Não raro é uma visão ingênua que tende a prevalecer sobre a leitura das coisas”, constatou o professor. Por outro lado, afirmou que apesar de a cidade ter demorado a ser tematizada pela ecologia, o estudo de sua porção urbana é uma área em ascensão. E sintetizou: “quando a gente fala em crise ambiental, a gente deve ter medo por nós (seres humanos), mas nunca pela vida”.