Exposição de fotógrafa colombiana emociona visitantes

Por Natácia Guimarães

“A morte é um ato e não um processo”. A frase dita pela fotógrafa colombiana, Erika Diettes, simboliza um pouco da sua exposição fotográfica Sudários, que esteve exposta no Mosteiro de São Bento até sexta feira (19). Neste projeto, a artista transmite, através das imagens, o sentimento de dor e angústia de 20 mulheres que viram algum dos seus entes queridos serem mortos ou torturados pela guerrilha.

As fotos ficaram na parte superior do mosteiro e, no caminho até o local da exposição, era possível cruzar com pessoas que iam embora emocionadas pelo trabalho de Erika Diettes. Uma senhora idosa, por exemplo, ao ser perguntada na saída porque estava com lágrimas nos olhos, respondeu: “Me emocionei muito, as fotos são muito verdadeiras e marcantes”.

A exposição Sudários foi trazida para o Brasil através do Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia (Filte) e revela uma realidade distante que carrega um sentimento universal de dor e luto. A tentativa de levar a exposição para lugares religiosos é uma escolha da artista para mostrar a morte e a dor em lugares sagrados, onde o espectador possa ter uma reflexão mais profunda sobre o assunto.

Fotos: Natácia Guimarães
Fotos: Natácia Guimarães

Sudários

Sudário é o pano que cobre o corpo de um morto. Em relação às fotos, Erika tenta mostrar a morte presente no corpo das mulheres. “O problema da morte é quando alguém morre e leva um pedaço de uma pessoa que ainda está viva. Dessa forma, a pessoa viverá sempre na ausência”, disse a fotógrafa. A presença de mulheres nas fotografias é para fazer relação da perda dos familiares como a perda de um filho, segundo Erika.

As fotos foram realizadas durante testemunhos, em que cada uma delas relembrou como foi o momento em que presenciaram a morte. As feições e os olhares são tão fortes que, ao olhar as imagens, os expectadores têm a sensação de estar frente a frente com essas mulheres. É possível perceber a dor e o terror que está “preso” dentro dos seus corpos, por isso, um dos objetivos do ensaio é ajudar a diluir a dor.

Para retratar a triste realidade de seu país, Erika se aprofundou em pesquisas de teóricos que estudam imagens na antropologia e na busca da arte como tentativa para lidar com a dor. A fotógrafa ainda questiona: “Como sobreviver e conviver com a perda? Como processar as mortes violentas que envenenam a memória e contaminam a ilusão de uma paz?” Esses questionamentos fazem pensar sobre as mais diversas realidades sociais. Como disse o filósofo Didi-Huberman, a imagem queima, e nas imagens de Erika a dor queima quem as olha.

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