Arquivo 64/15

Verena Guimarães

Nos dias 28, 29 e 30 de agosto, às 17 horas, quem estiver em Salvador poderá assistir à segunda temporada da montagem “Arquivo 64/15”. A peça relembra os dias sombrios durante o período da ditadura militar e faz um paralelo com as manifestações recentes, em favor de impeachment para a atual presidente.

Teatro Brecthiano

Bertolt Brecth é uma figura de grande destaque no teatro. Dramaturgo, nasceu em 1898 e no final da década de 20 se tornou marxista. Suas vivências o levaram a revolucionar o teatro e quebrar a “quarta parede”, ou seja, no Teatro Brecthiano é essencial o diálogo com o público. Outro ponto marcante desse teatro é o caráter de construção de uma visão crítica sobre os acontecimentos.

Marcus Lobo, 25, é aluno do curso de Direção Teatral da Ufba e é o diretor do espetáculo. Ele explica que a ideia de trabalhar com o tema surgiu do componente curricular Laboratório Direção Cena Aberta. Nessa disciplina, os alunos estudam o Teatro Brecthiano e o produto final deve se referir a algo prioritariamente político.

Esse tipo de teatro permite maior liberdade na construção do espetáculo e o grupo dirigido por Marcus escolheu explorar a conjuntura política do país, incluindo os discursos que nascem nas mídias sociais. “Com tudo que estava acontecendo no país, começamos nossa pesquisa sobre quem seriam essas pessoas que pediam a volta da ditadura militar. Foi a partir daí que começamos a montar e sempre nos mantemos atualizados com o que está acontecendo. Por isso, na primeira temporada, trouxemos o caso da jornalista Maria Júlia (repórter responsável por apresentar o tempo no Jornal Nacional, que foi hostilizada nas redes sociais por ser negra)”,   comenta Lobo.

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Fotos: Verena Guimarães

Processo de criação

Apesar do tema ser uma dolorosa marca na história do Brasil, a montagem é equilibrada. Há momentos em que as atrizes encenam o desespero da época da ditadura e, em outros, conseguem arrancar risadas da plateia. Esses momentos cômicos são construídos através dos discursos que viram piadas na internet.

A atriz e aluna do segundo semestre de Interpretação Teatral, Ana, explica que o processo de criação foi importante para redescobrir a história do Brasil. Simone Portugal, também aluna de Interpretação e atriz do espetáculo concorda com a colega: “Nós estudamos o processo das torturas, estudamos os personagens da história, buscamos os relatos das pessoas que vivenciaram aquilo”.

Edinel Nascimento é cantor e professor de música. Segundo ele, o espetáculo é uma oportunidade para a reflexão e para esclarecer aos que pedem intervenção militar o que realmente aconteceu durante o período. “As pessoas falam tanto em ir as ruas e não sabem da real história do Brasil. O teatro mostrou, mais uma vez, que a cultura é forte e poderosa para ampliar nossos conhecimentos”, comenta.

O espetáculo recentemente foi escolhido para compor o Festival Atos de Teatro Universitário. O evento acontecerá em Campina Grande e é uma mostra de espetáculos de todo o país. O Festival é uma oportunidade para divulgar o trabalho e fazer um intercâmbio de vivências.

Serviço:

Onde: Escola de Teatro da Ufba, Sala 5. Av. Araújo Pinho, 292 – Canela

Quando: 28,29 e 30 de agosto, às 17 horas

Quanto: Entrada franca

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