Políticas públicas para mulheres é tema de café temático

Artur Mello

Como parte das celebrações do mês da mulher, a Escola de Administração da UFBA organizou uma programação especial com palestras, debates e mesa redonda voltados para o debate de gênero. O tema “Políticas Públicas para as Mulheres em Rede” foi debatido no café temático que aconteceu na última terça-feira (15/03), mediado pelo mestre em Desenvolvimento e Gestão Social pela UFBA, Walter Pinto.

Durante os debates, foi destacado o recuo que a retirada da perspectiva de gênero do Plano Nacional de Educação e dos respectivos planos municipais e estaduais representou nas conquistas das mulheres. Foi levantada a necessidade de maior publicização do tema, para que haja mais participação da sociedade, especialmente das mulheres.

Segundo o mediador, a participação ativa da sociedade é essencial e complementa a ação do Estado na garantia das políticas públicas para as mulheres. “Além de elegermos pessoas que nos representem no congresso, as mulheres precisam ter um papel ativo. Temos que sair do papel de comodismo e pensar como nós enquanto cidadãos podemos contribuir com a construção de um estado democrático”.

A mesa ainda debateu a falta de apoio recebido por esse tipo de evento e a pouca divulgação que leva, como consequência, à baixa participação da sociedade. “Essa não divulgação é intencional. Não fomos formados para participar e compreender a importância do debate de gêneros”, afirmou Walter.

Também foi destacado o papel das redes sociais na luta pela igualdade de gênero e o crescimento das articulações de mulheres em redes online. “As redes sociais têm grande participação nisso, pois elas têm o poder de impulsionar o tema, seja para o bem ou para o mal. Este é um dos pontos que estudamos no nosso grupo”, explicou.

Quando indagado sobre a melhor maneira de promover a conscientização da população sobre a importância das políticas públicas para as mulheres, Walter apontou a educação como o melhor caminho. “Eu acredito muito na educação, não é à toa que estamos aqui em um espaço de educação formal do ensino superior. Mas eu não acredito só na educação formal, eu acredito que deve existir uma educação que deve respeitar os saberes e valores da sociedade civil”.

O mediador ainda citou o papel importante da comunicação no processo de formação da sociedade. “O acesso à informação de forma clara é muito importante, o papel da educomunicação é extremamente essencial. Um monitoramento do que deve e o que não deve ser veiculado tem que ser feito, pois muitas inverdades são divulgadas. E temos que usar todas as ferramentas disponíveis para um aperfeiçoamento da divulgação deste tema e conscientização da população, da importância dele”.

A idealizadora e criadora do Projeto Rede Social Temática Proteção dos Direitos Humanos da Mulher, Maria Oliveira, ressaltou as dificuldades que as mulheres encontram no dia a dia e a falta de suporte dos órgãos públicos.“A prefeitura fechou três creches municipais e as mães não estão tendo onde deixar os seus filhos enquanto vão trabalhar o que acaba gerando a demissão dessas mulheres, que muitas vezes já foram desamparadas pelos próprios maridos. Ou seja, o poder público violenta a mulher, pois não oferece o que é básico para ela ter maior liberdade”, afirmou.

O evento é uma iniciativa do Projeto Rede Social Temática Proteção dos Direitos Humanos da Mulher. Na próxima terça-feira, 22, vai ocorrer o Café com o tema “Construindo Masculinidades” e será mediado por Paulo Nunes (NEIM/UFBA).

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