Enecult debate associação entre Juventude e Cultura
por Ítalo Cerqueira
Na quinta-feira (09/08), aconteceu o segundo dia de atividades do VIII Enecult. A mesa-redonda da manhã deu início as atividades discutindo sobre Cultura e Juventude. Coordenada pelo professor da UFBA Carlos Bonfim, contou com a participação de Eduardo Balán, integrante de El Culebrón Timbal (Buenos Aires), José Manuel Valenzuela (Colegio de La Frontera Norte, México) e Regina Novaes (UFRJ).
Para iniciar o debate, Bonfim provocou os presentes com a manchete de um jornal local: Sem limites, jovens de classe média furtam lojas em shopping. A matéria trazia a fala de uma das funcionárias do shopping que lamentava o modo como as garotas haviam sido abordadas pelos policiais, em virtude da pele branca e da adequação aos padrões de beleza. Em seguida, o pesquisador apresentou o estudo realizado pela Faculdade de Comunicação da UFBA, CIPÓ Comunicação Interativa e Intervozes: A construção da violência na televisão da Bahia. Neste estudo, verifica-se que os perfis das pessoas abordados são recorrentes, em geral, jovens, homens, negros e de baixa-renda.
Eduardo Balán deu continuidade à mesa-redonda abordando a sua experiência como diretor do El Culebrón Timbal, coletivo que promove ações artísticas, culturais e de comunicação com jovens na Argentina. De acordo com Balán, a organização se fundamenta em um conceito de democracia participativa, um modelo alternativo ao de democracia representativa, em que todos os integrantes decidem os rumos que o coletivo deve seguir. Além disso, Eduardo Balán explica a importância em se investir nos jovens: “Os jovens são parte do povo que tem tempo físico para mudar o jogo”, destaca o diretor, fazendo alusão a uma partida de futebol. Balán ainda enfatiza a importância da irreverência do jovem na produção da cultura. Por conta disso, são os responsáveis por produzir projetos multimídias e intervenções artísticas dentro do coletivo.
A apresentação seguinte foi a do professor do Colegio de La Frontera Norte (México), José Manuel Valenzuela. O pesquisador trouxe pensamentos sobre o posicionamento do jovem na sociedade. “Os jovens tem sido pouco integrados aos grandes paradigmas da sociedade”, alerta. De acordo com Valenzuela, os jovens excluídos são jogados nas favelas, e lá são obrigados a reconstruir sua própria existência, construir um sentido de ser jovem.
Por fim, a professora Regina Novaes trouxe os encontros e desencontros, além de possibilidades da relação entre cultura e juventude(s). “Em cada tempo e lugar são muitas as juventudes, que são espelho da sociedade; o que acontece na sociedade também acontece na juventude”, explica. A professora aponta que, atualmente, a juventude vive de acordo com as mudanças na percepção do mundo, como: rápidas mudanças tecnológicas, riscos ecológicos e distância entre mercado e escola. “Essa juventude tem novos medos”, ressalta. Como consequência, é possível perceber uma aceleração dos processos de contato e ampliação das possibilidades de hibridismo cultural. Neste caso, a diversidade e identidades se manifestam em diferentes lugares e países. Um dos exemplos que a professora trouxe foi o Rap, que é ritmo e poesia e tem a ver com as raízes locais.
A discussão do tema teve continuidade no Café Cultural, que aconteceu na área externa da Biblioteca Central Reitor Macedo Costa, às 16h30.