Coletivo Coato estreia espetáculo no Teatro Martim Gonçalves
O Coato foi criado em 2013 após a aprovação de um projeto no Edital Territórios Culturais, que possibilitou a montagem do espetáculo “Estrelas Derramadas”
Por Kelven Figueiredo
O Coletivo Coato estreia nesta sexta-feira (29/04) o espetáculo “Eu é outro: Ensaio sobre fronteiras”. A montagem ficará em cartaz até o dia 14 de maio sendo apresentada sempre às 20h , no Teatro Martim Gonçalves, localizado na Escola de Teatro da UFBA, no Canela. A entrada é franca e a peça possui classificação indicativa de 16 anos.
Após dois meses de residência artística com o grupo PHILA7 e curta temporada no Teatro Centro da Terra, na capital paulista, o Coletivo formado por estudantes da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia pretende discutir a permissividade de aproximação que existe entre os sujeitos e como o “Outro” torna-se potencial criativo capaz de alterar o estado coletivo.
No processo criativo da peça, o Coato relata que provocou uma ruptura entre seus integrantes: as equipes de trabalho foram separadas e foi proposto um processo de montagem pautada nas relações a distância através dos meios de comunicação virtuais. “Conseguimos provar a frieza e o calor do desejo de estar perto e assim entender os limites de aproximação permitidos pela presença carbónica (física, toque, perto, palpável) e a presença silício (virtual, mediada por telas, conectada), desejando sempre o toque”, descreve Marcus Lobo, diretor do trabalho.
Foi desta forma que descobriram que as fronteiras se erguem quando se percebe a presença do OUTRO. “Esse ser tão complexo e potente, eles existem e estão por toda parte dentro de suas rodas gigantes esperando um olhar que entrega, um olhar cúmplice, um sussurro, um sopro, um clique, ele deseja ser visto/percebido”, pontua o ator Danilo Lima.
O trabalho, que o grupo gosta de chamar de “Superfície de Eventos”, ao invés de espetáculo, transita entre performance, dança, música, visuais e tecnologia. “Esta superfície de eventos é um espaço propício ao novo, ao olhar no outro, desse outro que vem a cada noite trazendo o novo. O público que vai nos assistir é um criador em potencial, portanto temos que considerá-lo como tal. Falar do outro é falar de si mesmo”, explica Lobo, indicado na Categoria Revelação do Prêmio Braskem de Teatro, no ano passado, pela direção do espetáculo Maçã.
A atriz e performer Simone Portugal, declara que este trabalho é um processo peculiar para dar voz a uma “trama-turgia” processual, inacabada, aberta e desejante a ser composta por aqueles que os visitará toda noite. “O que nos mobiliza? Entender como se estabelecem as fronteiras, aquela mais imperceptível, a fronteira do OUTRO, esse que nos atravessa, que provoca sensações, que nos impede, que nos espelha”, reflete Portugal.
O Coletivo
O COATO nasceu em 2013 após a aprovação de um projeto no Edital Territórios Culturais, que resultou na montagem do espetáculo “Estrelas Derramadas”, que foi apresentado apenas na região do Piemonte da Diamantina, interior da Bahia. O último trabalho do COATO, o acontecimento cênico MAÇÃ, que estreou em maio de 2016, rendeu duas indicações no Prêmio Braskem de Teatro, na Categoria Especial pela preparação corporal conduzida por Danilo Lima e Uerla Cardoso.l, e Revelação, para Marcus Lobo, pela direção