Súsame e Mikaele: uma história de cumplicidade, diferenças e amizade
As meninas ficaram famosas depois de protagonizarem um pedido de casamento no Restaurante Universitário de Ondina
Por Kelven Figueiredo
Mikaele Lima e Súsame de Santana Santos ganharam a atenção de toda a UFBA e boa parte da imprensa na última semana. O motivo foi o pedido de casamento que seria clichê se não fosse pelo local em que foi feito: o RU de Ondina. “Eu resolvi fazer o pedido para me desculpar sobre a nossa última briga e retomar nosso planos de casamento que já havíamos traçado”, declarou Mikaele. Súsame, por outro lado, confessa: “Eu morri de vergonha. Por um minutinho, senti vontade de sair correndo, mas foquei no que ela tava falando e foi lindo”.
A escolha do cenário para o pedido foi feita porque Mikaele considera o RU um lugar com “gente bacana e de mente aberta, que apoiaria a história do casal. O pedido ganhou a ajuda de desconhecidos e de uma amiga do casal, que gravou um vídeo para o canal no YouTube de Mikaele. Tudo foi pensado para que saísse perfeito e deixasse Súsame caidinha de amores por sua amada. Foi exatamente o que aconteceu, em meio a lágrimas de emoção, Súsame, prontamente aceitou o pedido.
Embora sejam parecidas fisicamente, o casal reserva algumas muitas diferenças de personalidade. Nascida no Ceará, a canceriana Mikaele é a mais falante e desinibida. Parece não ter vergonha alguma de dizer o quanto ama sua noiva para quem quer que seja, haja vista que subiu na mesa do refeitório e gritou em alto e bom som. Quase sempre tomando as rédeas da situação, ela atribui essa característica ao seu aguçado instinto de liderança. O hobby favorito da moça é dormir e, atualmente, tocar seu canal no YouTube que, segundo ela, faz parte do tratamento contra a depressão.
Súsame parece ser mais contida e pensa antes de falar, é mais centrada e muito mais racional. A taurina é apaixonada por séries, em especial Game of Thrones (para assistir sozinha) e Orange is the new black (com sua amada). Ao contrário de Mikaele, ela odeia dormir e é mais cética quanto a algumas coisas como signos. Súsame não possui ídolos, mas possui uma admiração profunda por Simone e Simaria, dupla que ela julga ser dona de uma autenticidade exemplar. A jovem trabalha como operadora de turismo e a noite faz o curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, com sua noiva.
Curso esse que Mikaele declara odiar e só se matriculou para ter alguma atividade. Segundo ela, este era o único curso que sua nota permitia a matrícula pelo SISU. Mas o que a estudante deseja mesmo é cursar Medicina Veterinária. A paixão de Mikaele pelo curso pode ser explicada pelo amor e entusiasmo que ela tem ao falar de seus “filhos”: “cinco felinos e um canino”, enumerou.
A paixão por animais é compartilhada pelo casal, que assume com um sorriso estampado nos lábios a vontade de ter ainda duas filhas. Uma delas já tem até nome: Cristal. O outro nome ainda está sendo discutido pelo casal que pretende se casar no final do ano que vem em uma cerimônia pequena como declarou Súsame: “nós preferimos algo pequeno para 12 pessoas, a algo grande com pessoas que não apoiam nossa relação”.
Talvez essa escolha se dê porque ambas moram longe de suas famílias e possuem pouco contato com as mesmas, uma vez que estas não apoiam o relacionamento das duas. “Nós nos falamos por telefone, mas não passa disso” declarou o casal. Contudo o casal segue escrevendo sua história que já contabiliza 6 anos desde que se conheceram e dois anos e meio desde que começaram a namorar.
“Essa história é longa”, esclarece o casal antes de começar a contar como se conheceram. Tudo começou há seis anos no extinto site de filmes com temática lésbica “Elas por elas”. O site possuía um chat para que as visitantes interagissem, tirassem dúvidas e comentassem os filmes. Ambas chegaram ali por acidente, enquanto procuravam um site para assistir um filme específico que não se lembram. “Nós não namoramos logo, inclusive estávamos em outros relacionamentos” declarou Súsame. Mikaele completou revelando que eram amigas e só se aproximaram por conta das brigas que tinham com as respectivas namoradas.
Com o tempo, os relacionamentos que elas mantinham terminaram quase no mesmo período. Entretanto, a amizade seguia morna e foi só quando Mikaele recebeu uma proposta de emprego no Acre que a relação se estreitou. “Ela me deu o suporte que eu precisava naquele momento e isso nos uniu” afirmou a cearense. À medida que ficavam mais próximas, a relação se modificava e só um tempo depois elas entenderam que o sentimento que tinham não era mais de amigas e começaram a namorar à distância mesmo.
Após 6 meses no Acre, a saudade falou mais alto e elas decidiram que era hora de morar juntas. Longe da família, o casal atualmente divide a casa, as contas, e o amor que sentem. Os planos delas estão tão bem definidos que até respondem juntas como num coral: “comprar nossa casa própria, se formar e ter nossas meninas”.