VISITA AGENDADA: Música para todos os lados e para todas as pessoas

Com inúmeros grupos de extensão e atividades extraclasse, Escola de Música transborda arte e cultura                          

Por: Lucas Arraz

A fachada da Escola de Música da UFBA (EMUS) é tomada de grandes janelas, pequenos portais que juntos emitem os mais diferentes sons. São violinos, vozes líricas e xilofones, formando a desordenada harmonia das salas de aula da unidade que abriga cinco diferentes cursos superiores e mais de 300 projetos de extensão destinados aos alunos e à comunidade externa. Pelo número volumoso de projetos, na década de 90, a unidade foi agraciada pela UFBA com um prêmio de reconhecimento pelas suas atividades de extensão.

Fundada na gestão do Reitor Edgar Santos, a Escola de Música nasceu em meados de 1970 com a promessa de canalizar o potencial artístico da Bahia. Hoje, na unidade, é possível cursar as graduações de Canto, Regência, Licenciatura em Música, Instrumento e Música Popular- uma das cinco do país). Cerca de 1000 alunos estudam nos cursos de graduação e pós graduação – que foi a primeira em música criada no país. Há quatro anos, a EMUS também criou o primeiro mestrado profissional da área no Brasil.

Orquestra Sinfônica/ Reprodução site EMUS
Orquestra Sinfônica/ Reprodução site EMUS

A Escola é dividida entre o prédio de aulas que recepciona os visitantes e um prédio administrativo que fica na parte traseira do terreno. Entre os pavilhões, a praça Horst Schwebel é um espaço de convivência, onde dois alunos tocam um violoncelo e um violino.

Além dos alunos regularmente matriculados na UFBA, pessoas de diferentes idades andam pelos corredores da Escola de Música. São os 540 alunos  dos cursos livres de música que recebem pessoas  a partir de 6 anos para módulos iniciais e avançados de instrumentos como violão e harpa, curso pouco procurado pelo alto custo do instrumento. Anualmente, 3000 mil pessoas tentam uma vaga em um dos cursos. Francis Santos, secretária , exibe os números com orgulho. “\Somos uma fábrica de música”, comenta e ainda revela o perfil de quem procura pelas aulas: ”pessoas que buscam aprender a tocar algum instrumento ou desejam se preparar para a prova de habilidade específica que configura o vestibular da unidade”.

Já para crianças de 0 a 6 anos, Música oferece às aulas de Musicalização Infantil, projeto de extensão da Escola que se propõe a criar a primeira ligação de crianças com a música. Nas aulas, as crianças tocam diferentes instrumentos e cantam com os país. O projeto de aulas lúdica surgiu em 2007 e hoje conta com 15 turmas que atendem 104 crianças. Para Mara Menezes, coordenadora do grupo, as aulas estimulam o aprendizado em diferentes áreas do conhecimento. “Ao conhecer esse universo, a criança começa a ter noção de altura, de intensidade, conhecem as propriedades do som e são estimuladas a  explorar um repertório amplo e diversificado.Ela se expressa musicalmente e reage aos sons”, fala.

Sob  o comando do professor Jorge Sacramento, o Núcleo de Percussão surgiu na década de 60 durante os festivais da Semana Santa que aconteciam todos os anos. Formado por professores da EMUS que tocavam composições novas da época, o trabalho do grupo é voltado para experimentar composições e adaptações em instrumento como: Marimba, Vibrafone, Xilofone, Tímpanos, Caixa Clara, Bombo, Tom-Toms, Pratos, Triângulo entre outros.

Tocando apenas composições de artistas vivos, sobretudo baianos, Jorge Sacramento, garante que uma grande inovação da Escola de Música é aliar experiência profissional com conhecimento acadêmico. “Não basta só ler uma partitura, temos que passar a emoção que está nela”, comenta.

A OSUFBA (Orquestra Sinfônica da UFBA) foi durante muito tempo o único veículo baiano de divulgação da música clássica do Estado. Configurado-se como um espaço de aprendizado, onde estudantes da graduação podem se formar músicos, cantores e maestros é um modelo reproduzido dentro da Escola. O diretor da Escola José Maurício Brandão, explica que os componentes curriculares da unidade são acompanhados por atividades laboratórios extra sala, como a Orquestra. Há dois anos, o grupo lotou a Reitoria quando executaram a 9ª Sinfonia de Beethoven. “Há quem acredite que fomos até um pouco irresponsáveis ao colocar tanta gente num espaço, mas é a relevância do trabalho que fazemos”, comenta  Brandão que também é maestro na OSUFBA.

Com concertos no exterior, discos gravados e participações em diversos festivais, outra atividade de extensão notável dentro de Música é o Madrigal, um grupo vocal profissional que se assemelha a um coral. O grupo foi fundado em 1954 pelo maestro H. J. Koellreuter e já se apresentou em outras cidades do Brasil e nos Estados Unidos, onde gravou seu primeiro disco de estúdio. Como o OSUFBA, o Madrigal é uma importante espaço de aprendizados para alunos de Música. O Madrigal  recebe estudantes dos cursos de Composição, executando as suas peças, de Regência e Canto, possibilitando-lhes aprimoramento e prática musical indispensáveis à formação do músico. Ao longo de sua história foram realizadas mais de 3 mil apresentações

Não importa a função, no prédio todos acabam se envolvendo com a música. Além das crianças e dos alunos  dos cursos de instrumento, o corpo técnico e discente compõem a Orquestra Sinfônica (OSUFBA), o Madrigal, a Banda Sinfônica, e a Orquestra de Câmara, grupos estáveis da instituição. Brandão defende a existência de um  espírito progressista na Escola:”Inovação para a gente é cotidiano”.

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