Música, Universidade e Trabalho

Quatro alunos da UFBA contam como conciliam a rotina universitária, com a carreira musical e o trabalho

Por: Glenda Dantas

Quando o sonho de crescer na carreira musical ainda não corresponde com a realidade, é preciso manter uma espécie de “vida dupla”. É assim que vivem alguns jovens universitários da UFBA que tentam conciliar a carreira musical, os estudos e, em alguns casos, um trabalho formal. As dificuldades para manter o ritmo na construção da carreira artística são grandes e não são poucos aqueles que sucumbem, deixando a carreira musical de lado, ou melhor, transformando-o em um hobby.

Diante de uma realidade cada vez mais competitiva e corrida,  um dos grandes desafios para os estudantes  Hélio Júnior, Fernanda Sacramento, Mariana Buente e Eric Barretto, é conciliar a vida pessoal, universitária e profissional.

Fernanda, por exemplo, é estudante do 6º semestre de Engenharia Sanitária e Ambiental e quando não está em frente aos livros ou no PET-Sanitária e Ambiental, onde é bolsista, é tocando guitarra e compondo que ela se distrai. Integrante da banda Lisbeth, ela busca “fazer as atividades acadêmicas todas durante a semana, para ter o fim de semana livre para banda”, explica.

Os esforços dela são na tentativa de que um sonho não interfira no outro. A jovem que sempre teve a música como meio de relaxamento e diversão, nunca cogitou cursar Música, pois buscava uma graduação que “unisse a área de exatas e meio ambiente”, mas afirma que têm expectativas em “conseguir deslanchar uma carreira profissional na música”.

 

Mariana Buente, no entanto, descobriu na música o caminho que quer seguir, seja nos palcos ou por trás deles. Pensando nisso, encontrou no curso de Produção Cultural a chance de unir o ‘útil ao agradável’. “Seja tocando ou produzindo, é nos palcos que eu me sinto 100% confortável”, afirma.

Vocalista e produtora da banda A Cama de Manuela, Mariana já teve que priorizar o trabalho em detrimento da universidade algumas vezes, mas organiza a agenda de shows para os fins de semana e “intercala um show pago e um show de graça”. A estratégia foi pensada no sentido de  formar um público cativo da banda, ao mesmo tempo que mantém as questões financeiras organizadas e as atividade acadêmicas em dia. Além da faculdade e da banda, Mariana  também trabalha com Marketing Digital numa agência de consultoria.

O estudante do 7º semestre de Farmácia, Hélio Júnior, veio para Salvador há 4 anos para, além da universidade, buscar oportunidade no ramo musical. Original de Santo Amaro da Purificação, ele encara a graduação como seu “projeto de estabilidade”, pois considera a carreira artística “muito incerta”. “Eu vivo aqui em Salvador através da música. Têm meses que eu consigo tirar uma renda boa, outros não”. Ele trabalha num projeto de carreira solo, em que canta e toca em bares e eventos, e é guitarrista e produtor musical do cantor Danilo Sori, com quem faz shows por todo o estado.

Para ele,  o maior problema para conciliar a universidade com o trabalho é lidar com horários desordenados dos componentes curriculares do curso de Farmácia. “Tenho aulas em Ondina e no Canela, por isso eu acabo tendo que pegar menos disciplinas”, explica. Outro fator é que “alguns professores compreendem, outros não, pois não entendem a música como trabalho. Já perdi provas e outras atividades por conta disso”, complementa.

Eric, é vocalista e guitarrista da Santa Java, estudante do 7º  semestre de Química e ensina em três colégios. Para ele a mobilidade urbana na capital baiana é um dos fatores que mais o prejudica no descolamento entre universidade, estúdio e colégios, e lamenta não poder participar de eventos do curso que acontecem  em horários opostos às suas aulas, por conta da rotina. “Eu sempre busco organizar minha rotina, principalmente por me sustentar através das aulas e da banda, mas às vezes preciso abrir mão de algumas atividades da universidade”, explica. Ele destaca ainda que crescer com a banda é fundamental para concretizar “o sonho de viver da música”.

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