Baiana leva arte urbana soteropolitana para apresentação em São Paulo
Licenciada em Teatro pela UFBA, Marina Lua levou sua performance artística para São Paulo
Por Lua Gama
Formada pela UFBA em Licenciatura em Teatro, Marina Lua apresentou em São Paulo a sua performance Agoceta, na 19ª edição do tradicional festival de teatro Satyrianas. Criada em 2014, a performance é feita através de um recorte das agonias do ser/estar mulher na sociedade em um processo de pesquisa independente, buscando polifonia de vozes/imagéticas/sonoridades dentro do ambiente da zona urbana.
O recorte mulher-cidade que a artista leva em sua apresentação é extremamente poderoso e extenso, por isso, Marina Lua se atenta a construção da palavra “Agoceta” – agonia e buceta – pensando nas possíveis significâncias dessa expressão acerca do sexo feminino.
A autora conta que dentro desse contexto surgiram várias indagações de como transpor essas questões para o corpo, transformando em artivismo – arte como ativismo. Marina Lua, se alimenta de questões atuais, seja midiática ou questões da própria rotina dela como mulher. “Fazer ‘Agoceta’ é transpor para o meu corpo, colagem de observatórios do que nos deixa aflita diariamente, que nos sufoca e nos deixa insegura todo tempo, seja psicologicamente ou fisicamente”, diz.
“Muito surge através do contato ou não com quem está ao redor, mas principalmente a percepção espacial. É uma passagem de uma mulher carregada, transbordada em afetações e agonias que surgem, surgem, surgem e surgem. E como se tornam poucos os momentos de respirar e apenas estar, e de que forma nos sentimos inteiras”.
Como artista, ela acredita que a arte é um instrumento de expor problemáticas que cercam o cotidiano, criando reflexões acerca desses temas. “Fazer ela [Agoceta] é como um momento de expurgar e abrir espaço para reflexões acerca de um todo. Até porque eu sinto que essa é a ideia da arte também, criar questionamentos, diálogos, encontros, afetações, debates, reflexão sobre coisas específicas ou até uma camada maior”, pondera.
Ela leva em sua performance questões que a rodeia e a sufoca enquanto mulher, buscando representar tudo que a fortalece ao mesmo tempo em que a desmancha.
“Toda vez que eu experimento a vivência de fazê-la, surgem novas possibilidades para um outro momento, ou até mesmo para fazer naquele momento exato”, aponta.
Marina se apresentou outras vezes fora de Salvador, mas segundo ela, foram tempos diferentes com outras sensações corpóreas. “Hoje eu levo ela bem cheia de acúmulos que por mais que eu despeje em determinados momentos e vivências, enche meu copo e me transborda”, diz.
Sobre a oportunidade de se apresentar na capital paulista, ela diz que é uma chance de trocar experiências, levar uma performance carregada de sensações e “vibrações” em que ela vai carregar para as próximas apresentações. “É uma forma de sair da caixa e me dar mais fôlego, se tornar alimento para quem precisa de ar(te) para viver. E quem não?”.