“ARMORIAL 50”: Exposição que celebra o legado de Ariano Suassuna chega à Salvador
A mostra traz eventos musicais e rodas de conversa
Está em cartaz a partir do dia 23 de julho, no Museu de Arte da Bahia (MAB), a exposição ‘ARMORIAL 50’, que celebra o Movimento Armorial criado e liderado por Ariano Suassuna (1927 -2014). A visitação é gratuita, e pode ser feita até o dia 20 de outubro de 2024. Os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla ou presencialmente nas bilheterias do MAB.
A exposição, que homenageia Ariano Suassuna no ano que marca o 10º aniversário de seu falecimento, ocorrido em 27 de julho de 2014, coincide com o aniversário de 106 anos do MAB, que recentemente passou por reformas.
A EXPOSIÇÃO
Organizada em núcleos, a mostra reflete a diversidade e as tradições da cultura popular nordestina, como idealizado por Suassuna. Logo na entrada, os visitantes são recebidos pela imponente Onça Caetana, um elemento cenográfico inspirado nos desenhos de Suassuna e confeccionado pelo artista Agnaldo Pinho.
O primeiro núcleo destaca figurinos criados por Francisco Brennand para o filme “A Compadecida” (1969), com desenhos originais e recriações de figurinos. Além disso, cenas do filme e fotos das filmagens realizadas em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, são exibidas. Já a “Fase Experimental” (1970-1974) apresenta obras de artistas como Aluísio Braga e Fernando Lopes da Paz, pertencentes ao acervo da Universidade de Pernambuco. Este núcleo também menciona o trabalho da Orquestra e do Quinteto Armorial, que mesclavam música erudita e popular.
A “Sala Especial Samico” é dedicada ao trabalho de Gilvan Samico, famoso por suas xilogravuras. Nesta sala, são apresentadas suas obras, alinhadas aos princípios do Armorial desde os anos 1970. A “Segunda Fase” (1975-1985) inclui iluminogravuras de Ariano Suassuna, além de litogravuras, cerâmicas e tapeçarias de Zélia Suassuna, pinturas de Romero de Andrade Lima e Manuel Dantas Suassuna.
A palavra iluminogravura é um neologismo criado por Ariano Suassuna mesclando as palavras iluminura e gravura. Nesses trabalhos é possível ver uma faceta pouco conhecida de Ariano, o artista plástico, interagindo com o escritor. O autor produziu dois álbuns, cada um contendo dez pranchas: Sonetos com Mote Alheio (1980-84) e Sonetos de Albano Cervonegro (1985-87) que juntos formam uma autobiografia poética.
Completando a primeira sala do Museu de Arte da Bahia está o núcleo “Ariano Suassuna, Vida e Obra”, que traz uma completa cronologia ilustrada, livros e manuscritos do autor. Nesta etapa, também ganha destaque o alfabeto sertanejo, criado com base na pesquisa Ferros do Cariri, uma Heráldica Sertaneja.
No caminho para outra sala encontramos as Ilumiaras (outro neologismo criado por Suassuna), locais de arte e cultura que foram implementados por Ariano quando Secretário da Cultura de Pernambuco. As Ilumiaras Acauhan, Jaúna, Zumbi, Coroada e Pedra do Reino são apresentadas através de paineis fotográficos.
O módulo “Armorial – Hoje e Sempre”, reúne imagens do Balé Grial, criado por Ariano e pela bailarina e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, em 1997, grupo que continua vivo e atuante. e que participava ativamente das famosas aulas-espetáculo do escritor. são apresentadas também produções de Cinema e TV, realizadas a partir das peças teatrais de Suassuna, e de seus discípulos, como o espetáculo Lunário Perpétuo de Antônio Nóbrega. Vale lembrar que o Auto da Compadecida é o filme mais assistido do streaming brasileiro, um sucesso tão grande que está prestes a estrear uma continuação do filme.
O último módulo da mostra “Armorial – Referências”, contempla a beleza das xilogravuras, assinadas, entre outros, por J.Borges, Mestre Noza e Mestre Dila, entre outros, e a riqueza dos folguedos populares, como o Maracatu, o Reisado e o Cavalo Marinho, reunindo máscaras, trajes, fotos, vídeos, estandartes e adereços. Uma Cidade de Cordel, criada especialmente para a exposição por Pablo Borges, filho de J.Borges é um espaço instagramável que permite uma lúdica viagem pela cultura popular, com seus causos e singularidades.
A mostra conta com obras de colecionadores particulares, artistas e instituições que disponibilizaram obras à exposição Armorial 50 Anos, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), Oficina Brennand, Manuel Dantas Suassuna, Família de Gilvan Samico, Diogo Cantareli, Maria Paula Costa Rêgo, J. Borges, Lourdinha Vasconcelos, entre outros.
O conceito da exposição foi traçado pela premiada curadora Denise Mattar, que fez um minucioso trabalho de pesquisa e garimpagem no vastíssimo acervo do Movimento para rememorar – com delicadeza, encanto e graça – a riqueza dos saberes e fazeres culturais impregnados na arte Armorial. A expografia e arquitetura ficaram sob a responsabilidade do designer Guilherme Isnard. Já a identidade visual é assinada por Ricardo Gouveia de Melo e Ana Lucas.
A exposição oferece ainda outro presente para o público: quem quiser pode fazer o tour pela exposição ouvindo duas horas de música Armorial acessando o código QR localizado em alguns lugares da mostra. A playlist está no Spotify e oferece ao visitante mergulhar ainda mais no eclético, múltiplo e fantástico universo deste movimento genuinamente brasileiro Só conferir no Spotify.
Seguindo padrões de acessibilidade, a exposição oferece audioguia bilíngue, recursos do aplicativo Musea, objetos táteis e cordéis em braile.
EVENTOS PARALELOS
Durante a exibição da exposição, o público contará ainda com eventos paralelos como os “Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” e “Encontros Petrobras de Música Armorial”. Os eventos proporcionam um mergulho profundo na criação armorial em diversos gêneros artísticos, com a participação de músicos de alta qualidade.
“Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” é um ciclo de encontros teóricos/temáticos que aborda a criação Armorial nos diversos gêneros: Literatura, Teatro, Música, Dança e Artes Visuais. Já a série “Encontros Petrobrás de Música Armorial” reúne músicos de altíssima qualidade e que atuam em variados estados brasileiros, que apresentam composições do Armorial.
Do preto e branco das xilogravuras, passando pelo multicolorido dos ornamentos e fantasias das festas populares e pelas coreografias. Pelos ritmos dos cantos e da música, de sons de rabeca, pífano e viola. Pela sonoridade dos versos dos cordéis e dos cantadores. Todos os caminhos conduzem a uma experiência única. Uma trilha cultural sem fronteiras, como a ideia plantada, lá atrás, por Ariano e que, agora, chega revigorada, pouco mais de 50 anos depois, à exposição.
SERVIÇO: MOSTRA MOVIMENTO ARMORIAL 50
Museu de Arte da Bahia – MAB – Av. Sete de Setembro, 2340, Corredor da Vitória, Salvador, BA
Abertura: terça feira – 23 de julho Exposição de 23 de julho a 20 de outubro de 2024
Visitação: terça a domingo das 10h às 18h. Entrada gratuita