Sim, é tudo design!

Mostra de design dos egressos da Escola de Belas Artes apresenta múltiplas linguagens.

Yananda Lima

Acontece na Galeria Cañizares, até sexta-feira (2), a exposição É Tudo Design?,  com o objetivo de fomentar a discussão sobre os processos criativos e os rumos do design na contemporaneidade. A mostra apresenta um recorte diverso dos últimos oito anos de produção acadêmica da Escola de Belas Artes da Ufba (EBA), além de projetos realizados por profissionais egressos da instituição.

A apresentação expõe as produções acadêmicas tanto para o público externo à EBA, quanto aos próprios professores e estudantes da instituição. “Percebemos que ninguém conhecia os trabalhos desenvolvidos pelo curso de design. Nem os próprios professores, nem os alunos, muito menos as pessoas de fora”, explica Taygoara Aguiar, curador da mostra e coordenador do curso de design da Ufba.

Com a proposta de expandir o olhar do visitante acerca dos processos e produtos de design, a exposição é composta por diversidade e ocorre em um momento de reestruturação curricular do curso da graduação.

A mostra apresenta um incentivo à reflexão sobre as fronteiras entre as áreas de especialização de design (gráfico, de produtos, moda…) que, segundo Taygoara, “agora não estão mais tão definidas, sendo possível transitar entre elas. Com isso, busca-se definir um perfil para a “nova” graduação e suas diversas possibilidades e representações”.

A exposição

É Tudo Design? está dividida em quatro salas, com distintos temas e níveis de fruição, onde estão presentes dezenas de projetos com as mais variadas tipologias. Começando por trabalhos lineares, nos quais predominam a leitura e observação do visitante, a mostra evolui entre as salas, chegando a peças audiovisuais e interativas, como alguns móveis de madeira e músicas originalmente compostas para a mostra.

Desta forma, a interação entre o visitante e os projetos apresentados é incentivada. A diversidade é outro ponto forte da exposição. Projetos gráficos realizados para bandas locais como Baiana System e Tropical Selvagem, ou projetos que buscam difundir o conhecimento acerca da cultura popular como Fabrincando (2012) e contribuir para modificar realidades como a Bibliocicleta (2008) também compõem a mostra.

Ainda participam da exposição trabalhos como Tríade, da designer de moda Leila Da Cruz, vencedora no concurso de Novos Talentos do Barra Fashion, edição 2009/2010. “A peça premiada é um body de yoriu de seda e faz parte da coleção Tríade, que resulta de convergência entre poéticas da Comédia Dell’arte, do universo de Tim Burton e Circense, e que transita pela fantasia, fábula e mistério”, explica.

Na última sala, é possível perceber o caráter interdisciplinar do design, que dialoga diretamente com as artes visuais e a música. No trabalho Desembaralho da Tipografia Brasileira (2009), feito pelo designer Edileno Capistrano, pode-se perceber a variação de gêneros aos quais o projeto foi aplicado, contando com livro, jogo online e exposição.

Edileno explica sua obra: “O Desembaralho tem como proposta apresentar 40 tipografias brasileiras, trazendo informações sobre sua criação, seus autores, destaque no cenário tipográfico e, se disponível, indicação do site para download”. O trabalho oportuniza a familiarização do público com as diversas fontes, valorizando a produção nacional.

Para Leila, a exposição fortalece que o design é uma atividade projetual que pode se desenvolver em diversas linguagens e áreas. “O que importa é compreender o fato de que sim, é tudo design, e a partir desse reconhecimento tratar as proposições conceituais que vão sendo suscitadas pelos problemas projetuais”, conclui.

É tudo design? Para Edileno Capistrano o design pode contribuir em tudo.