CineFacom: curtas de estudantes são exibidos na UFBA
O projeto realizou na semana passada a 30ª edição do evento com a exibição de quatro curtas
Por Lua Gama
Luzes apagadas e pipoca: esse foi o clima no auditório da Faculdade de Comunicação da Ufba, na tarde da última quarta-feira (31), durante a trigésima edição do CineFacom. Foram exibidos quatro curta-metragens com duração máxima de 15 minutos, produzidos por estudantes da universidade. A sessão foi aberta ao público e deu direito a um certificado de participação.
O primeiro exibido na mostra, Dek Tamarit, com direção de Marcus Barbosa, aborda os desafios vividos por um estudante asiático em Salvador e na universidade. O curta tem cenas de ação no estilo Jackie Chan. O segundo filme foi Ode a Brecht, de Nalbert Guimarães, que fala sobre a vida entediante de um prédio de luxo que aflito pela saída dos moradores, passa a ter pensamentos suicidas. A narrativa é feita pelo prédio de nome Garibaldi Elite Residence.
Como a correria e às angústias das grandes cidades podem impactar na saúde das pessoas? O tema foi tratado por Vanessa Aragão em Fluxo. O documentário é ambientado em locais movimentados de Salvador, com relatos de pessoas que tiveram alguma crise psicológica por conta do ritmo acelerado da cidade.
O quarto e último filme a ser exibido, Siga Violeta, de Armando Azevedo e Carolina Silvério, retratou a competição por likes e seguidores nas redes sociais através de Arthur e Lolla. A homofobia também foi retratada no filme. Violeta, personagem vivida por Arthur no filme, sofre ataques no Instagram praticados por Lolla, alterando o fluxo de suas rotinas dentro e fora do ambiente virtual.
Veja Siga Violeta:
Cinema e zona urbana
Nalbert conta que a inspiração para o curta veio do questionamento de como ocupar a cidade de Salvador – que, para ele, é linda e estressante ao mesmo tempo, – utilizando o humor ácido. “Às vezes eu acho que a cidade não deu certo. Existe uma dinâmica urbana promovida pela especulação imobiliária e um outro lado da cidade desconhecido. Existe um grande contraste”, diz.
Já o filme Fluxo se passa no movimento das avenidas da capital, com sonoras em off. Segundo Vanessa, a intenção deste tipo de abordagem é fazer que o personagem se sinta mais à vontade para relatar seus casos pessoais. “Queria que a pessoa dissesse o que a estava deixando sufocada. Colocar pra fora essa dinâmica da correria urbana”, explica. Outra escolha da diretora foi o preto e branco, cor predominante no filme. “O preto e branco traz um sentido mais poético! Queria que as entrevistas fossem o principal do filme”, pondera.
A estudante do BI em Humanidades Maiara Oliveira aprovou a iniciativa de exibir os filmes produzidos por estudantes dentro do ambiente acadêmico. “É importante essa janela de exibição que os estudantes têm na universidade. Muitos trabalhos produzidos ficam apenas na sala de aula, e é ótimo expor isso para o público em geral. Achei bacana!”, opinou a estudante.
Isadora Santana não é estudante da instituição e soube do evento através de um amigo da UFBA. Ela disse que as história possuem uma narrativa em comum: a correria e as angústias da sociedade em diferentes contextos.
“Os filmes têm em comum o contexto de uma cidade movimentada, abordagem de temas pertinentes como as redes sociais, a depressão e adaptação de pessoas vindas de outros países. Eles se ligam dessa forma, retratam esse espaço urbano que estamos inseridos”, argumenta.
Para ela, é importante que o público externo da UFBA prestigie os trabalhos feitos pelos estudantes.
CineFacom
O CineFacom é um projeto promovido por meio do Centro Acadêmico da Faculdade de Comunicação da UFBA, com o objetivo de ser um espaço de difusão e divulgação da produção audiovisual produzida por toda comunidade acadêmica da instituição. O projeto é realizado com apoio da UFBA através do Edital PROEXT/Eventos 2013.
São promovidas mostras de filmes de variados gêneros e temáticas abertas ao público. A última edição do projeto ocorreu em 2017, retomando suas atividades novamente neste semestre. Em 28 de novembro, o CineFacom vai realizar uma edição especial em comemoração ao Novembro Negro.
Mais informações sobre como inscrever um filme para concorrer a exibição, bem como sobre as edições do evento, podem ser acessadas por meio do site ou na página do Facebook.