Edição especial do CineFacom faz homenagem a Mahomed Bamba

A última edição do CineFacom aconteceu no dia 18/05  com a exibição do filme Nhá Fala, de Flora Gomes, uma homenagem ao professor Mahomed Bamba

Por Yasmin Garrido

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Questionar o próprio sentido de fazer cinema na África, colocando em conflito a linguagem, os hábitos, as tradições e a arte. Esse sempre foi o objetivo de Mahomed Bamba, professor da Facom falecido em 2015, há exatos seis meses da edição especial do CineFacom (18/05).

O evento foi marcado por muita emoção, principalmente pelos professores que compunham a mesa de debate, Regina Gomes, coordenadora do Grupo de Pesquisa Recepção e Crítica da Imagem (GRIM), e José Francisco Serafim, coordenador do Grupo de Pesquisa Laboratório de Análise Fílmica, ambos amigos de Bamba.

Para Regina, o filme exibido foi uma grata surpresa, principalmente pela ideia de renascimento. “Conheci Bamba em 2007, quando o convidei para ser professor de um curso que eu estava organizando na UCSAL. Nos reencontramos na Facom e, nesse momento, foi que se estabeleceu uma relação profissional mais próxima, muito em razão do grupo de pesquisa. Ele, sempre muito conciliador, tinha uma espécie de asas de conhecimento e esse era o grande traço dele. Gosto de pessoas com esse perfil, que não ficam rígidas em determinado campo”, disse Regina.

Serafim, muito emocionado, disse que gostaria de homenagear Bamba pelo trabalho dele, pela pesquisa dele, por tudo o que ele era e não pela sua morte. “É uma homenagem à ausência dele quando queríamos, na verdade, que ele estivesse conosco”, disse. Para ele, o que vai ficar de Bamba é a sua obra, além da memória que todos têm de sua generosidade.

A ruptura de estereótipos e conceitos estáticos era um traço bastante marcante na personalidade de Bamba. Em Nhá Fala, por exemplo, a ruptura de tradições é tema abordado de maneira cômica. Além de não ter estereótipos, o filme de Flora traz outros tipos de ruptura, como a de gênero, produzindo novas leituras sobre as temáticas africanas.

Para a mediadora da mesa e doutoranda do PósCom, Morgana Gama, uma palavra de destaque que serve para resumir o filme exibido é ‘trânsito’, na medida em que o longa apresenta a história de uma jovem que sai de seu país para estudar em outro lugar, com cultura e hábitos diferentes, e se depara com a necessidade de “matar” uma tradição familiar para que pudesse “renascer”.

“Se o cinema vive naquele fio da navalha entre a presença e a ausência, o mesmo podemos dizer de Bamba, que agora está ausente, mas, a finitude se reinventa na memória”, afirmou Regina. Ela finalizou a sua fala com uma citação de Fernando Pessoa, segundo ela, bastante apropriada para o momento e os sentimentos de todos os que ali estavam: “Medo da morte? Acordei de outra maneira. Talvez corpo, talvez continuidade, talvez renovado, mas, acordei. Se até os átomos não dormem, porque hei de ser eu só a dormir?”.

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Mesa de debate. Da esquerda para a direita, José Serafim, Morgana e Regina Gomes | Foto: Divulgação

A edição especial do CineFacom foi realizada no auditório da Faculdade de Comunicação no dia 18 de maio, às 17h. As inscrições para a mostra estudantil começam no dia 06 de julho e ficam abertas até o dia 20 do mesmo mês. Está marcada para o dia 31 de agosto a próxima edição do evento, com a exibição dos filmes selecionados.

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