Documentário sobre Luta Antimanicomial estreia nesta segunda na Saladearte Cinema da Ufba

Dirigido por Talbert Igor o filme busca questionar e refletir as mudanças sociais e intervenções clínicas no campo da psiquiatria e saúde mental

 

O documentário Reexistir por Linhas Transmutáveis – Histórias da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial Baiana será lançado nesta segunda-feira (14), na Saladearte Cinema da UFBA. O filme dirigido por Talbert Igor, é uma parceria do Instituto de Saúde da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O evento contará duas sessões gratuitas, que acontecem às 9h30 e 18h30. Após a exibição haverá um bate-papo com o diretor, pesquisadores e trabalhadores envolvidos no projeto. 

O filme, que narra as ações do Projeto Psyglocal, criado por meio de parceria da UFBA com a Universidade de Coimbra, tem como objetivo analisar a história dos direitos humanos no campo da psiquiatria e saúde mental. A obra conta com entrevistas e registros de uma série de iniciativas, projetos e associações que buscam discutir e fortalecer o atual cenário da reforma psiquiátrica, além de proporcionar trocas entre os movimentos antimanicomiais europeus e brasileiros. 

Mônica Nunes, professora do ISC/UFBA, destaca que o projeto busca dialogar a pesquisa acadêmica e a produção de conhecimento participativo com os usuários dos serviços de saúde mental, buscando um debate público sobre o tema. “A divulgação entre várias camadas e segmentos da sociedade pode colaborar com o enfrentamento do estigma e discriminação vividos por essas pessoas e que as levaram a serem segregadas da vida social, da possibilidade de circular pela cidade e de serem reconhecidas por suas qualidades e capacidades. Nesse sentido, é um filme que tem por objetivo contribuir com a transformação cultural das mentalidades com uma abertura para a riqueza da diferença”, salienta a professora. 

Ao mesmo tempo em que traz questionamentos, o filme apresenta vivências dos profissionais e convivas – termo criado pelo poeta e militante da Luta Antimanicomial Mineira, Valtinho Folha Seca, para se referir às pessoas que fazem tratamentos nos CAPS. O documentário traz ainda debates, reivindicações de direitos, expressões artísticas e ameaças reais que a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) vem sofrendo.   

O personagem principal que conduz e apresenta a história é Eduardo Calliga, Conselheiro Estadual de Saúde e presidente da Associação Metamorfose Ambulante de Usuários e Familiares do Serviço de Saúde Mental (AMEA). Eduardo, que também é poeta e convivas, traz reflexões, questionamentos, críticas e propostas importantes para o CAPS. 

O longa conta ainda com a presença de algumas das principais referências da Luta Antimanicomial Baiana e Brasileira, como os artistas e convivas, Helisleide Bonfim, Girlene Almeida e Sérgio Pinho; a psicóloga e diretora do grupo teatral Os Insênicos, Renata Berenstein; professora do ISC/UFBA Mônica Nunes; o coordenador geral da pesquisa em Portugal, Tiago Pires Marques; e pesquisadores europeus da Pesquisa Psyglocal como Mattia Faustini e Emmanuel Delille. 

Talbert Igor, diretor do documentário, que já dirigiu outros projetos da Ufba, ressalta a necessidade de dar maior atenção à saúde mental dos indivíduos. “É de fundamental importância que as políticas públicas antimanicomiais estejam fortalecidas e atuantes na prática. Infelizmente, ainda precisamos reafirmar que as pessoas que passam por situações de adoecimento mental têm direitos que deveriam ser assegurados pelo Estado brasileiro”, finaliza. 

 

SERVIÇO

Lançamento do Filme:  “Reexistir por Linhas Transmutáveis – Histórias da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial Baiana”

Direção: Talbert Igor

Data: 14 de outubro

Onde: Saladearte Cinema da UFBA

Gratuito

9h30 – 12h: Sessão do filme seguida de bate-papo com o diretor Talbert Igor, a professora Mônica Nunes (ISC/UFBA) e pessoas envolvidas no Projeto Psyglocal

18h30 – 21h: Sessão do filme seguida de bate-papo com o diretor Talbert Igor, a professora Mônica Nunes (ISC/UFBA) e pessoas envolvidas no Projeto Psyglocal

 

SOBRE TALBERT IGOR – Artista visual, fotógrafo, cineasta e pesquisador baiano. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cult/UFBA). Pesquisa e desenvolve trabalhos visuais sobre cultura popular, memória, territorialidades, artes e saúde mental, ancestralidade e linguagens artísticas, além de mediar oficinas dentro dessas temáticas. É cofundador e editor do selo Candeia – Objetos de Arte. Participou de publicações literárias e da criação de obras cinematográficas em parceria com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde Mental (NISAM/UFBA). Foi o responsável pela concepção e desenvolvimento do acervo visual e audiovisual da Rede Gerar de Economia Solidária em Saúde Mental (ISC/UFBA), onde idealizou e mediou a “Oficina Filme de Doido” (2019). Já participou de diversas mostras, editais e chamadas de arte, fotografia e cinema pelo país e exterior. Já assinou a direção, edição, fotografia e montagem de mais de dez curtas e médias-metragens. Em 2023, foi premiado com o 1º lugar no XII Prêmio de Fotografia-Ciência & Arte, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a obra “Mestre Zé Verde – A Gaita Ancestre do Brejinho”. Em 2024, participará da 65ª Edição dos Salões de Artes Visuais da Bahia com a exposição fotográfica “Rezas, Dobras e Ternos: A Tradição Ancestre da Gaita Cipoense”.



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