Punho Negro: conheça a super heroína que combate os vilões de Salvador
Websérie apresenta o protagonismo negro na frente das telas e o processo de produção
Por: Glenda Dantas
Em tempos de um aumento da representatividade negra no audiovisual e na cultura pop, de temas que abrangem o feminismo e a importância da mulher na sociedade e do lugar de fala da mulher negra, surge Punho Negro. A websérie produzida pelo coletivo Êpa Filmes, apresenta como protagonista uma mulher negra que encontra tempo na sua agenda diária – onde desempenha o papel de mãe e esposa – para combater os vilões de Salvador.
“A websérie surgiu como reflexo do que estamos vivendo nos últimos anos, onde mulheres negras estão reivindicando e ocupando espaços de direitos que há muito tempo lhes foram cerceados. A heroína representa inúmeras destas pessoas que pouco se enxergam nas produções audiovisuais e irá travar discussões acerca do papel da mulher, questionando padrões impostos por uma sociedade machista”, explicou o diretor da série, Murilo Deolino.
Os estudantes da UFBA Carol Alves e Heraldo de Deus interpretam os personagens principais da série, Tereza e Vagner. Eles representam vozes das lutas diárias da população brasileira e a força que se demonstra na rotina: o cuidado da casa, do marido, dos filhos, o saber cozinhar, o cuidado com a beleza, além de enfrentar os vilões sociais fora do ambiente familiar.
“Apesar de essas abordagens serem retratadas com bom humor, nós buscamos não romantizar essas relações dela com o marido, o papel de supermãe que tem que dar conta de tudo, de todos os filhos e do trabalho maravilhosamente bem”, complementou Murilo.
Assista ao primeiro episódio:
Representatividade
A websérie não só apresenta o protagonismo negro na frente das telas, como também no processo de produção, que é coletivo. “São pessoas negras pensando sobre aquilo e narrando suas próprias histórias. Essa é uma faceta dos coletivos de cinema com maioria de pessoas negras”, conta Carol.
Ela explica que ter esse espaço é importante, justamente por não se ver representada nos desenhos animado e filmes que assistia na infância. “As pessoas se surpreendem nas ruas enquanto estamos filmando, também porque não é algo comum no imaginário uma mulher de black power como super heroína”, reiterou.
Heraldo destaca as características rotineiras que a série apresenta e que se confunde facilmente com suas histórias de vida.
“Eu vejo muito de mim, as presenças de minha mãe e minha vó na minha criação, acontecimentos da vida de vizinhos, a dupla jornada, cuidar do filho, mas ter que trabalhar e não acompanhar o filho crescer”, lembrou.
A representatividade está presente na série também no título. O nome “Punho Negro” é uma referência ao punho cerrado dos Panteras Negras e sua luta pelos direitos do povo negro. A história da série veiculada pelo Facebook e Youtube, que já possui cinco episódios e acumula mais de 50 mil visualizações, está sendo construída com grande interação com o público pelas redes sociais, inclusive buscando maneiras de financiar sua produção, procurando parceiros e apoiadores que possam colaborar com a iniciativa.
A previsão é que, para a primeira temporada, a série tenha 13 episódios. As histórias se passam no Comércio e na orla de Salvador. Mas locais como Campo Grande e Avenida Sete também farão parte das filmagens.