#Enecult: “Produzir jogos é divertido, mas não é brincadeira”
Minicurso discutiu a cultura dos games como forma de arte e cultura
Por Madson Souza
No ano de debute do Enecult, a novidade, sem dúvidas, é a presença dos games como tema de discussão. E o debate esteve presente por meio do minicurso “Arte, games e cultura”. A conversa teve início com o questionamento sobre se os games podem ser considerados uma forma de arte e cultura. Mas, também passou por outros temas como estereótipos, cultura baiana, jogos educativos e aspectos técnicos.
Tudo isso foi abordado em uma mesa coordenada por Lynn Alves, doutora em pedagogia e especializada em games, que teve como convidados Danilo Dias (Unime/Uneb), e Isaías Pinho (Senai Cimatec). A conversa ocorreu no auditório B, do PAF I, na quinta-feira (1º).
Parte do tempo da palestra foi dedicado para interação com o público, que contou com alunos da UFBA, da UNEB e estudantes de fora da Bahia. O momento teve a apresentação dos que estavam ali presentes, contando suas relações com os jogos. Essa postura participativa se manteve até o fim, com perguntas e comentários dos espectadores.
“Fight”
“Produzir jogos é divertido, mas não é brincadeira”, fala Danilo Dias, no início da apresentação. Porém, apesar das dificuldades presentes na área, as conquistas existem e esse lado também foi reforçado. Especialmente em Salvador, um dos principais focos de produção nacional de jogos educativos.
A apresentação do jogo “Guardiões da Floresta”, realizado pelo grupo Comunidades virtuais e o Kimera analógico, projeto de mestrado de Danilo Dias, que foi apresentado com a presença do tabuleiro e um curto livro com uma história infantil foram momentos chamativos do minicurso.
A discussão sobre os estereótipos nos games e sobre a presença ou falta da cultura baiana nesse universo gerou uma série de questionamentos, respondidos por Lynn Alves, “Usar as narrativas, os games, para mostrar quem somos, de onde viemos. Como uma forma de resistência mesmo”, afirma.
Exemplo disso é o já citado Kimera analógica, que trata a representatividade como um de seus princípios, além de abordar espaços da cidade de Salvador.
“Game over”
O conteúdo das falas perpassou sempre por comentários tratando da indústria nacional e mais especificamente da Bahia. De acordo com Danilo Dias, o pré-conceito com profissões relacionadas aos games continua presente, ainda que de forma mais sutil. Exemplo que ele conta são os pais que não apoiam a escolha dos filhos pelo carreira na indústria.
“Quando você pensa em jogos digitais com animais fofinhos, quem você pensa que fez aquilo, crianças?”, questiona Danilo Dias. Mas, o cenário tem melhorado, ele continua: As pessoas estão começando a ter essa ideia de quem cria, quem desenvolve aquilo não são crianças, são profissionais. E esses profissionais têm que ser levados a sério.
Até por isso, Lynn ALves ressalta a importância da maior abrangência dos jogos como tema no Enecult: Estar aqui dialogando com as outras manifestações culturais, outras produções audiovisuais. Isso pra mim é muito importante! Estamos juntos com pessoas que têm preocupações semelhantes, mas trabalhando com uma outra linguagem, que é a linguagem dos games.
