Grupo de pesquisa desenvolve experimentos que relacionam dança às novas tecnologias
Desenvolver pesquisas que relacionem a dança contemporânea à linguagem das novas tecnologias digitais é o objetivo do Elétrico – Grupo de Pesquisa em Ciberdança, pertencente ao Laboratório de Pesquisa Avançadas do Corpo (Lapac), da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A qualidade de suas criações propiciou o Prêmio Public-Fapex 2010, oferecido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex) e, recentemente, o Prêmio de Incentivo dos Salões de Artes Visuais da Bahia, pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb).
O grupo Elétrico é coordenado pela professora da Escola de Dança da Ufba, Ludmila Pimentel, sendo composto ainda por alunos de graduação, mestrado e professores da Ufba e outras instituições. Ele visa “preencher uma lacuna existente na pesquisa e na graduação da Escola de Dança, inserindo e contextualizando a Escola no ambiente tecnológico e digitalizado em que vivemos. O grupo tem como finalidade a produção teórica, relacionada com questões relativas à cibercultura e ciberdança, e também a produção coreográfica sob forma de vídeos e espetáculos”, aponta Ludmila Pimentel. O trabalho desenvolvido pelo grupo é marcado pela coletividade, como indica a coordenadora, “nossas criações são coletivas, e todos nós podemos resignificar, reeditar e reutilizar materiais, vídeos, performances, imagens, fotos e programações que tenham sido gerados por algum dos integrantes do grupo. Eu mesma incentivo que façamos isso”, enfatiza.
Entre 2009 e 2010, o grupo Elétrico desenvolveu sob coordenação da professora Ludmila Pimentel, a pesquisa Digitalização e Animação do Movimento com o software Lifeforms, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). “O software Lifeforms nos permite experimentar sem necessitarmos do espaço físico real, nem mesmo de dançarinos reais, apenas com o computador e o software o coreógrafo pode explorar previamente os diversos intentos coreográficos dos bailarinos. Um dos nossos objetivos é experimentar previamente o trabalho dos dançarinos e com grande economia em relação aos custos tradicionais de montagem de espetáculos”, afirma Ludmila. O software Lifeforms foi criado no Canadá por Thecla Schphorst e sua equipe, da Simon Fraser University.
Alguns experimentos desenvolvidos pelo grupo utilizam softwares interativos, onde o público “deixa de ser mero espectador, podendo ser o cocriador da obra”, como afirma a estudante recém-formada em licenciatura em dança pela Ufba e membro do grupo Elétrico, Andréia Oliveira. “As ferramentas são inovadoras, mas a construção e labor artístico se mantêm. O fazer artístico é o mesmo, as ferramentas para chegarmos à construção da poética é que são inovadoras”, indica Ludmila Pimentel.
As criações do grupo já foram apresentadas em diversos eventos nacionais e internacionais. Sobre o panorama da produção coreográfica tecnológica nos lugares visitados, Andréia Oliveira afirma que “criações em videodança estão se ampliando a cada dia que passa. No Brasil tem crescido o número de eventos que abordam o assunto. Temos como exemplo o respeitado Festival Dança em Foco”. Entre os festivais em que o grupo apresentou trabalhos, estão a I Mostra Internacional de Videodança na Amazônia, Festival Cuerpo Digital (Bolívia), Festival Internacional de Videodanza del Uruguay, Festival Internacional de Videodanza de Buenos Aires (Argentina) e Festival de Videodanza Interconexiones (onde os trabalhos selecionados foram projetados em várias cidades da Alemanha, Espanha e América do Sul).
Premiações
Uma das integrantes do grupo Elétrico, Andréia Oliveira, recebeu premiações referentes a alguns trabalhos desenvolvidos junto ao grupo. Ela foi uma das bolsistas responsáveis pela pesquisa Digitalização e Animação do Movimento com o software Lifeforms, tendo realizado o plano de trabalho Estudos Coreográficos Digitalizados com o mesmo software. Em 2010, Andréia Oliveira recebeu o Prêmio Public-Fapex 2010 referente a um dos experimentos coreográficos desenvolvidos durante a pesquisa, o Estudo um, primeiro tutorial do software Lifeforms em português. “O prêmio promoveu a visibilidade da pesquisa e das produções do grupo Elétrico e, além de favorecer os diálogos entre a dança e as artes visuais, ocasionou a participação em eventos nacionais e internacionais”, comemora a pesquisadora. O prêmio oferecido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex) se destina a bolsistas, ex-bolsistas, voluntários e ex-voluntários dos Programas Institucionais de Bolsas da Ufba (Pibic, Pibiti e Pibic-Jr) que tenham se destacado.
Em dezembro, Andréia Oliveira recebeu o Prêmio Incentivo na terceira da edição dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2011, organizado pela Funceb. A premiação foi direcionada ao trabalho de videodança Experimentos, produto inserido dentro das ações do Elétrico e cuja concepção e edição são de Ludmila Pimentel. Apesar da criação ter sido coletiva, o edital prevê que apenas o responsável pela inscrição receba o prêmio.
Criado em 1992, o projeto dos Salões produz, a cada ano, três exposições diferentes, visando apresentar ao público a diversidade da atual produção baiana em artes visuais e divulgar o trabalho dos artistas. O Prêmio Incentivo ofereceu à Andréia Oliveira um apoio financeiro no valor de R$ 4 mil para, a sua escolha, realizar uma exposição individual ou uma viagem de intercâmbio, estudos ou residência artística.
Com informações de Funceb e Fapex.
*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom