Dentro e fora da universidade: Quem é Albino Rubim?
Um pouco sobre a trajetória do intelectual que é referência nacional em Políticas Culturais e recebeu a Comenda 2 De Julho, na Assembleia Legislativa
Por: Alana Bittencourt
Um garoto tímido e quieto, que desde a escola mostrava interesse pelas áreas que o levaram até seu caminho atual. Adolescente interessado por cinema e audiovisual, quando jovem, mesmo durante o período da Ditadura Militar, ele participava ativamente de movimentos estudantis. Este é Albino Rubim, professor, pesquisador de políticas culturais e ex-secretário de Cultura da Bahia. Nesta quarta-feira (2), ele recebeu a mais alta condecoração do legislativo baiano que simboliza o sentimento motivador de libertação e emancipação da Bahia, a Comenda 2 de Julho.
Na academia, Albino é formado em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina. É mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutor em Políticas Culturais pela Universidade de Buenos Aires e Universidade San Martin. Suas principais áreas de atuação são: Políticas culturais; cultura e política; comunicação e política; cultura, comunicação e sociedade.
Entretanto, as participações nestas áreas de atuação não começaram na universidade. Ele conta que, no colégio, tinha como disciplinas favoritas geografia, história e literatura, além do fascínio pelos campos do cinema e audiovisual. Mesmo com as dificuldades no período da Ditadura Militar, não deixou de participar dos movimentos estudantis.
“Participei, dentro do possível, de grêmio estudantil e diretório de estudantes. Dentro do possível porque vivíamos em uma ditadura. Também tinha proximidade com o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) e com o Circuito Universitário de Cinema (CUC)”, lembra. Tais participações influenciaram nas escolhas que o levaram até o seu cargo atual de professor titular da UFBA.
Albino tem como referências os professores Ubirajara Rebouças de Filosofia e Guido Araújo de Cinema, e autores como Adorno, Gramsci, Horkheimer, Karl Marx e Muniz Sodré, Albino Rubim sempre quis seguir carreira acadêmica, mas não imaginava que também se tornaria referência para outras pessoas.
“Claro que desejava ser um bom professor e um bom pesquisador. Mas a vida não está toda pensada e planejada. Ela se faz em meio às circunstâncias”, argumenta.
Apesar de falar muito em público, ele sempre foi tímido. Albino aprendeu a lidar com suas dificuldades para continuar passando sua mensagem adiante, mas nunca perdeu sua essência; o seu jeito tranquilo de ser nunca deixou de existir.
Vida acadêmica e carreira
Atualmente o intelectual é pesquisador I-A do CNPq, integrante do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT) e professor do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade.
Entre suas principais conquistas, as que mais marcaram a vida de Albino foram suas diversas publicações, entre elas, o livro “Marxismo, Cultura e Intelectuais no Brasil”. Ele também recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), foi o primeiro diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (HIAC/UFBA); diretor da Faculdade de Comunicação, por três vezes; coordenador do Programa de Comunicação e Cultura Contemporâneas; Foi presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS) e concorreu à reitoria da UFBA.
Como Secretário de Cultura da Bahia, de 2011 até 2014, Albino promoveu diversas atividades para dar visibilidade a diversidade cultural da Bahia, entre elas, a realização dos Encontros das Culturas Negras, das Celebrações das Culturas dos Sertões e das Caravanas Culturais que percorreram os 27 territórios de identidade. Ele articulou a aprovação de leis como a Lei Orgânica da Cultura (2011), o Plano Plano Estadual de Cultura (2014), a criação do Centro de Culturas Populares e Identitárias (2011), entre outras que contribuíram para fortalecer o campo, os diálogos e as políticas culturais no estado.
Comenda 2 de Julho
A homenagem mais recente ao professor foi a entrega da Comenda 2 de Julho, a mais alta condecoração do parlamento baiano, entregue pela deputada Neusa Cadore (PT), proponente do título. O evento aconteceu em uma sessão especial no Plenário da Casa e contou com a presença da secretária estadual de Cultura, Arany Santana, de lideranças políticas, professores, artistas, entre outros.
Para Albino, esta honraria é um reconhecimento do seu trabalho. “Creio que é um reconhecimento importante de meu trabalho. Uma homenagem da sociedade, de colegas e amigos;é sempre bom ser lembrado e estar junto com eles.”, ressalta.