Diálogo público-produção marca o fim do IX Panorama de Cinema
Nona edição do Panorama traz, em seu encerramento, reflexões sobre a produção e o consumo de cinema
*Por Gustavo Salgado
A nona edição do Panorama Internacional Coisa de Cinema chegou ao fim nessa quinta-feira, 7. Com a presença de profissionais da área, debates aconteceram após algumas das sessões.
Diretores e atores do cinema baiano, nacional e internacional acompanharam de perto o decorrer do Panorama, que teve início no dia 31 de outubro. A cinefilia uniu o público e os produtores de material cinematográfico, também consumidores desse tipo de linguagem.
Integrando o Panorama Internacional, a German Films trouxe produções recentes (2012-2013), com o projeto Panorama Alemão. A iniciativa colabora para suprir a carência de difusão das produções germânicas no mercado do cinema soteropolitano.
Bastian Günter, diretor de Houston (2013) realizou uma conversa em tom de informalidade com o público da sessão de seu filme, na noite de quinta-feira, 07. Em meio às dúvidas e múltiplas interpretações que surgiam sobre o enredo, Günter, em síntese, afirmou que sua obra aborda uma temática dos trabalhadores de corporações, e que através do protagonista esperançoso e sonhador, reflete uma problemática da economia global, sem se ater a uma crítica da crise da União Europeia. E negou, quando questionado, ter elaborado em seu filme uma caricatura dos americanos ou sua economia.
Cinema, Disneylândia e fast-food Após a exibição de Disque M Para Matar, de Alfred Hitchcock (1954), no domingo, 03, André Setaro, crítico de cinema e professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, discursou brevemente sobre a história do filme, a evolução da tecnologia 3D para a linguagem cinematográfica e o panorama atual da indústria do cinema. Para o crítico e professor, que previamente explicara a estética como produto da relação entre técnica e linguagem, “ainda não emergiu uma estética de terceira dimensão. E ainda não houve o advento de uma poética”. Ao se posicionar sobre as novas tecnologias incorporadas às salas de cinema, comparou a modalidade 4D a um parque de diversões. “O cinema hoje é uma extensão do fast-food. As pessoas não vão ao cinema, vão ‘shoppear’”, concluiu Setaro.