I Encontro de Pesquisadores em Ditaduras é realizado durante a ACTA
Por Milena Abreu
Território de memórias que se cruzam no contexto histórico do golpe de 64. Essa foi a definição dada sobre I Encontro de Pesquisadores em Ditaduras, pela coordenadora Lucileide Costa Cardoso. O evento será realizado até quinta-feira (16), e, ao todo, serão 7 mesas com apresentações de 29 pesquisas sobre o tema. O evento é organizado pelo grupo de pesquisa em memórias, do CNPq, com o apoio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e em parceria com a Faculdade de Comunicação, ambas da UFBA.
Na mesa de abertura, realizada na terça-feira, 14, foram discutidos os diversos motivos que levaram à realização do evento. Para o vice-reitor da universidade, Paulo César Miguez de Oliveira, “O encontro é de grande importância para relembrar a memória desse passado ainda recente na história do país”. Além disso, ele enfatizou a importância da presença de jovens nas palestras, acreditando ser fundamental que estes se eduquem para que jamais permitam que o país reviva uma ditadura.
O deputado estadual, Marcelino Galo, complementou a fala do vice-reitor, dizendo que a juventude precisa compreender o que aconteceu, “Não somente na questão das pessoas que foram torturadas, mas como nas restrições à educação, à saúde e diversos outros setores do país que foram afetados durante os Anos de Chumbo”. Ele ainda acrescentou que “Somente através da compreensão desse momento, poderemos limpar essa sujeira da história e construir uma democracia (sic)”.
Durante a discussão da mesa, foi bastante reforçada a ideia de que o Brasil segue a tendência da democracia e, para que a população consiga atingi-la, é fundamental o estudo sobre o tema, a formulação de pesquisas, sempre resgatando a memória e reforçando-a, não permitindo que fique no esquecimento. Um dos objetivos do evento é justamente o de fomentar o surgimento de novas pesquisas, possibilitar conversações entre elas e criar novas parcerias.
Descomemorando os anos de ditadura (termo usado pelo professor doutor Carlos Zacarias), os participantes lembraram que o encontro também marca 25 anos de experiências ininterruptas de eleições diretas no nosso país. “O Brasil se encontra em um momento de grande maturidade democrática, contudo, isso ainda não significa que ela está concretizada”, afirma o professor Raimundo Pereira. Ele acredita que precisamos problematizar as memórias das épocas de ditaduras que vivemos, no plural, pois “Não somente é importante estudarmos o golpe militar, mas, também, a ditadura do Estado Novo e qualquer outra do mundo que possa ajudar a evitar futuros golpes”.
A realização desse evento na UFBA é bastante significativa, uma vez que esse tema aglutina estudiosos de direito, de jornalismo, de história, e, de certa forma, de todas as áreas. “Nós precisamos, cada vez mais, aprofundar esse diálogo interdisciplinar, de construção, de um conhecimento mais amplo, de equipe, para conseguir alcançar maiores resultados. Além disso, precisamos fortalecer um polo aqui do nordeste de discussão desse período histórico do país, uma vez que o grande foco está sempre voltado para o Rio de Janeiro e São Paulo e acabamos esquecendo a história vivida pelo resto do país”, enfatizou Lucileide.