Seminário “Somos Africanos?” reflete sobre quem é o novo negro no Brasil
*Por Vanice da Mata
O Centro de Estudos e Pesquisa Mário Gusmão – CEMAG, em parceria com os governos federal e estadual através, respectivamente, das secretarias de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR e SEPROMI fizeram, na noite da última quarta-feira, 04 de setembro um convite ao povo negro: pensar e refletir sobre ‘quem é o negro que está nas ruas, hoje’. “A ideia do seminário se solidificou com os protestos de rua que tomaram conta do Brasil em junho deste ano, fundamentada pela experiência que tive entre 2006 e 2011”, explicou o presidente do CEMAG, Zulu de Araújo, que também presidiu a Fundação Palmares no período.
Uma vida dedicada ao Movimento Negro também explica sua motivação em tentar responder à pergunta: “quem é o negro que está nas ruas, hoje, nas caminhadas raciais? Quem são os negros que estão ingressando nas universidades com a instituição da política de cotas? Qual é a história do indigente, do vereador, do estudante – de onde ele veio? Descende de que matriz africana, e quais suas histórias?”, questiona Zulu. Para ele, o Brasil precisa pensar e refletir com o objetivo de dar sua contribuição para o avanço das questões do negro no Brasil e no mundo. “É preciso que a gente possa apontar saídas para a complexidade que se tornou a temática racial em nosso país, desde que foi elevada ao plano da agenda política nacional”, constata.
Dividiram a mesa com o CEMAG na abertura do Seminário os embaixadores Manuel Lubisse (de Moçambique, representante da União Africana neste Seminário) e Paulo Cordeiro (Sub-secretário Geral para África e Oriente Médio). Além deles, o diretor da Casa de Angola na Bahia, Camilo Afonso, e Elias Sampaio, secretário da Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia. Em suas falas foi evidenciada a recorrente estratégia histórica de invisibilidade da capacidade intelectual do povo negro, além do esforço conjunto que países da União Africana têm empenhado na conquista da emancipação social e econômica do continente africano. A instituição da agência Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD) foi destacada como importante instrumento para esta conquista, compreendendo-a também como “caminho para afirmação da autoestima de seu povo” e de seus descendentes, como destacado por Lubisse.
O Seminário A partir das 9 horas da manhã desta sexta, 06 de setembro, são convidados o jornalista e cartunista Maurício Pestana, diretor da Revista Raça, e Julio César Tavares, doutor em Antropologia (University of Texas at Austin), que têm a tarefa de discutir sobre O Pensamento Afro Brasileiro e a América Latina, mediados por Zulu Araújo.
Pela tarde, entre 14h30 e 17h30, acontecem os grupos de trabalho: Dança e Teatro; Artes Visuais e Cinema; Música. Estas áreas foram agrupadas e têm como mediadores, respectivamente, Fernanda Júlia, diretora teatral e pesquisadora da cultura afro-brasileira, Jefferson D, cineasta, e o rapper e escritor Gog.
A participação no evento é gratuita, mediante inscrição pela internet (acesse).