A arte de cantar como instrumento de mudança social
Por Natácia Guimarães
Na tarde da última segunda feira, 13, em continuidade a Semana de Arte, Cultura, Ciência e Tecnologia – ACTA, promovida pela UFBA para fomentar a divulgação de pesquisas acadêmicas, foi realizada a palestra “Música Através do Canto Coral”, ministrada pela musicista, fonoaudióloga e professora de canto, Acenísia de Azevedo, no auditório do Pavilhão de Aulas III, em Ondina. A conversa teve como foco apresentar a contribuição da arte de cantar nos mais variados espaços, aspectos e contextos.
O auditório foi ocupado por alunos, dos mais diversos cursos, interessados em saber um pouco mais sobre o tema proposto. A professora Acenísia fez a explanação dos resultados de algumas pesquisas de campo, nas quais ensinou canto coral em comunidades menos favorecidas e mostrou como o ato de cantar pode mudar a vida dos moradores. Em uma de suas pesquisas, a musicistas ministrou um curso, no Engenho Velho da Federação, e pôde perceber a evolução dos seus alunos, de faixa etária dos 22 aos 74 anos. “Havia senhoras idosas que contavam que iam ao coral porque amavam cantar. Ao cantar, esqueciam os seus problemas. Uma senhora, de 74 anos, por exemplo, cantava muito bem e me garantiu que se tivesse oportunidade de cantar seria cantora”.
A professora ainda comentou que se emociona pelo fato de ter alunos mais velhos, pois sua mãe foi aluna de um programa de educação de jovens e adultos. “Ela teve sete filhos e só depois de todos se formarem ela recomeçou os seus estudos na EJA”, afirmou. Em tom bastante didático, Acenísia soube conduzir os alunos e integrá-los ao debate. Em um determinado momento, ensinou a plateia como respirar e algumas técnicas de canto. Contou que começou a ministrar aulas de canto muito cedo e sempre foi inspirada pelo modelo de ensino pregado por Paulo Freire que, segundo ela, via o aluno de maneira mais holística. Com isso, teve a ideia de pesquisar como a música, através do canto coral, poderia modificar a vida de uma pessoa – de maneira terapêutica, comportamental e social.
Na prática, quando ofereceu aulas de canto coral para jovens e adultos, percebeu que a prática de cantar ajudou no aprendizado de outras disciplinas. O canto coral, segundo a professora, contribuiu para o aprimoramento da voz cantada, da criatividade, da autonomia e da motivação dos alunos, através das vivências e experiências musicais. Por isso, a conclusão de sua pesquisa revela que é possível usar o canto como forma de fomentar a aprendizagem.
SOBRE A PESQUISADORA
Acenísia de Azevedo é formada em Canto e Fonoaudiologia pela Universidade Federal da Bahia, com Especialização em Voz pela CLINVOZ/RJ. Licenciada pela Complementação Pedagógica em Artes (Universidade São Mateus/ ES), especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior (Faculdade São Bento da Bahia) e mestre em Música na área de Educação Musical (Mestrado Profissional em Música da UFBA). É considerada a primeira professora de canto formada em Fonoaudiologia na Bahia e o seu Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, também considerado pioneiro, “Técnicas Vocais para o Aprimoramento Vocal de Cantores Coralistas”, foi selecionado e apresentado oralmente no 17º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e 1º Congresso Ibero-Americano de Fonoaudiologia.
O trabalho de sua autoria: “A Música através do Canto Coral: A Arte de Cantar e sua Contribuição para a Educação de Jovens e Adultos”, produzido na Universidade Federal da Bahia para a obtenção do Título de Especialista em Educação de Jovens e Adultos, foi selecionado para ser apresentado oralmente na Conferência Mundial em Educação Musical da ISME (International Society for Music Education).
Ancenísia foi professora substituta da Escola de Música da UFBA das seguintes disciplinas: Canto, Técnica Vocal, Fisiologia da Voz e Canto Coral. Atualmente, exerce as funções de musicista (cantora, regente, compositora e arranjadora), fonoaudióloga, professora, preparadora vocal, arte-educadora e pesquisadora na área de música e fonoaudiologia. É regente e preparadora vocal de diversos corais da cidade de Salvador. É também integrante do Madrigal da UFBA no cargo de Músico/Soprano desde 1998.