Madrigal e Orquestra Sinfônica da UFBA completam 63 anos de história
Os grupos foram criados antes mesmo da Escola de Música e se mantêm como ambientes formativos para músicos, cantores e maestros
Por Rafaela Fleur e Greice Mara
A Escola de Música da UFBA (EMUS) foi fundada há 40 anos na gestão do reitor Edgar Santos, mas se engana quem acredita que a relação da Universidade com a música só começou aí. 23 anos antes, em 1954, quando o “federal’’ ainda nem constava no nome da instituição, nasceram a Orquestra Sinfônica e o Madrigal. Sem regime acadêmico, os grupos funcionavam como seminários – ambos para dar suporte às atividades didáticas e artísticas que aconteciam na época. Com o surgimento da EMUS, os grupos passaram a integrar a instituição.
Segundo José Maurício Brandão, maestro da OSUFBA e vice diretor da EMUS, a Orquestra deseja proporcionar um ambiente formativo para músicos, cantores e maestros, tendo função acadêmica, não artística. Brandão afirma que a música precisa do público e que este, quando entra em contato com ela, também passa por um processo formativo. “É dessa forma que chegamos à comunidade”, afirma. Apesar da participação de pessoas que não fazem parte da Universidade ser permitida, o maestro confessa que não são todos que aguentam o ritmo. “São ensaios diários e dedicação integral”, pontua.
A OSUFBA foi, durante muito tempo, o único veículo baiano de divulgação da música clássica no Estado, servindo de elo importante entre a Universidade e a comunidade. Com momentos marcantes ao longo da história, o maestro conta que a Orquestra revelou grandes músicos e teve uma grande quantidade de peças estreadas. Há dois anos, lotaram a Reitoria quando executaram a 9ª Sinfonia de Beethoven. “Há quem acredite que fomos até um pouco irresponsáveis ao colocar tanta gente num espaço, mas é a relevância do trabalho que fazemos”, esclarece.
Com concertos no exterior, discos gravados e participações em diversos festivais, o Madrigal constitui um importante núcleo de extensão e veículo de comunicação cultural entre a universidade e a comunidade. Se você acha que o nome ‘Madrigal’ é inventado, se enganou. Na verdade, é oriundo de um gênero musical profano que surgiu no século XIV, que por utilizar o canto, originou a ópera. Justamente por conta disso, diversos outros corais também se chamam Madrigal. “Existe na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Pernambuco. Tem também o Madrigal de Minas Gerais, que foi formado no mesmo período do nosso, em Belo Horizonte. Muitos grupos vocais reduzidos são chamados assim”, conta Brandão, diretor artístico do Madrigal da UFBA.
Ao referir-se às transformações pelas quais a Orquestra e o Madrigal passaram ao longo de sua existência, ele afirma que as mudanças essenciais ocorreram na estrutura administrativa. Entre os últimos quatro e seis anos, eles deixaram de ter a gestão direta da EMUS e passaram a ter um diretor exclusivo. Outra mudança citada pelo maestro foi o fato de o Conselho Universitário ter aprovado a inclusão dos conjuntos da Escola no orçamento da Universidade, o que facilitou a manutenção de instrumentos e custos de viagens, por exemplo.
Apesar dos grandes feitos, para Brandão, o que é relevante na história dos grupos são as coisas simples, “que quase ninguém se daria o trabalho de colocar em um livro, como por exemplo, ver olhos brilharem”. Segundo ele, há 3 anos, o professor de uma escola no interior de Alagoas convenceu a prefeitura a levar a OSUFBA para lá. “Tivemos a oportunidade de viajar para o interior, para lugares que nunca viram um orquestra na vida. Ver o rosto de alguém que nunca viu uma orquestra na vida é algo fantástico”, comemora.
Ambos os grupos retomam suas atividades no mês de fevereiro.