Agenda Indica: 3 livros-reportagem de autores nacionais

Nesta sexta trazemos indicações de grandes reportagens que nos fazem entender um pouco mais da história e política brasileira

Por: Maysa Polcri 

Mais uma sexta e com ela mais um Agenda Indica! Desta vez, trago para vocês dicas de livros-reportagem para quem curte política, história e, é claro, jornalismo. Esse gênero literário é originado quando um trabalho jornalístico de apuração torna-se tão complexo que passa a não caber mais em veículos convencionais, como jornal, site e televisão. 

Num momento em que o jornalismo vem passando por transformações e enfrenta cada vez mais críticas da sociedade, os livros-reportagem são uma forma de resistência e demonstram que o bom trabalho jornalístico continua vivo e atraente. Caso você nunca tenha lido um, pode ficar tranquilo(a), que separei indicações de grandes autores nacionais que merecem a sua atenção. 

Notícias do Planalto 

O livro, escrito pelo jornalista Mario Sergio Conti, é um clássico no que diz respeito à relação entre política e imprensa. Publicado em 1999 e vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Reportagem no ano seguinte, a obra não poupa ninguém ao demonstrar detalhadamente como os veículos brasileiros de comunicação impulsionaram o então governador de Alagoas Fernando Collor à presidência em 1990, levantando a imagem do candidato “caçador de marajás,” e como foram decisivos para sua queda dois anos depois. 

Mario Sergio era diretor de redação de Veja quando foi publicada a entrevista em que o irmão de Collor revelou o esquema de corrupção que levou à abertura do processo impeachment do presidente. Apesar do livro ser extenso, cerca de 500 páginas, os bastidores da reportagem escrita por Conti têm o poder de encantar leitores que se interessam pelos meandros da comunicação política. O livro, que também retrata a infância e adolescência de Collor, tem como fio condutor as principais reportagens do final dos anos 80 e início dos anos 90 e demonstra como os laços estabelecidos entre a grande imprensa e políticos podem interferir no rumo do país. 

Escravidão

Laurentino Gomes não é novidade no mundo da literatura. O jornalista já foi ganhador seis vezes do Prêmio Jabuti e é autor dos best sellers 1808, sobre a fuga da corte portuguesa para o Brasil, 1822, sobre a Independência do Brasil e 1889, sobre a Proclamação da República. O resultado de seis anos de pesquisa e viagens por doze países, deram aporte para que o autor se debruçasse na história da escravidão e escrevesse sua mais nova trilogia.

No primeiro volume de Escravidão, publicado em 2019, Laurentino Gomes explica as raízes da escravidão humana e o início do tráfico de africanos para a América, levando em consideração o período entre o primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. O livro possui uma linguagem simples, o que torna compreensível a complexa história da escravidão no Brasil, ao passo em que o autor não perde a sensibilidade e toca o leitor em diversos momentos. 

Já o segundo livro era esperado para 2020, mas foi lançado só este ano e retrata o período do auge do tráfico de escravizados no Brasil, da corrida do ouro em Minas Gerais até a chegada da corte de Dom João no país. A previsão é que o terceiro e último livro trate do movimento abolicionista e seu legado.

Cova 312

A capa do livro de Daniela Arbex já dá uma prévia da história que será contada no livro: a longa jornada de uma repórter para descobrir o destino de um guerrilheiro, derrubar uma farsa e mudar um capítulo da história do país. Apesar do tom sensacionalista, no decorrer do livro-reportagem, o leitor percebe o quão impactante foi o trabalho de investigação da jornalista. 

Milton Soares Castro participou do Movimento Nacional Revolucionário, uma guerrilha armada contra a ditadura militar. Em 1967, foi chamado para depor e depois enviado à uma cela isolada. Na manhã seguinte foi encontrado morto e, pela versão oficial, teria cometido suicídio. Somente 33 anos depois o assunto veio à tona novamente, quando a repórter Daniela Arbex resolveu investigar a morte enquanto trabalhava no jornal Tribuna de Minas. Com a sua reportagem, foi capaz de contestar a versão dos militares sobre o caso.

Vencedora do troféu Mulher Impresa na categoria Repórter Investigativa em 2020, a jornalista também é autora de Holocausto Brasileiro, livro-reportagem sobre os maus-tratos sofridos por pacientes no Centro Hospitalat Psiquiátrico de Barbacena 

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