Agenda Indica: filmes com protagonismo negro
Por: Ruan Amorim
Amanhã, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra, data que recorda o dia em que Zumbi dos Palmares foi assassinado, em 1695. Esse marco histórico, que destaca o protagonismo da luta dos ex-escravizados por liberdade e gera reflexão sobre as questões raciais, ganhou notoriedade e corpo em 1971. Isso graças a um grupo de jovens negros que se reuniu no centro de Porto Alegre para pesquisar a luta dos antepassados e contestar a legitimidade do 13 de maio, data da assinatura da Lei Áurea, que era tida como referência de celebração do povo negro.
Assim, surgiu o Dia da Consciência Negra, proposto por esses jovens para substituir o 13 de maio, que nunca foi, de fato, a data ideal para a celebração povo negro. Então, para somar com esse momento de reflexão, eu indico três filmes que debatem questões raciais e são protagonizados por pessoas negras: Moonlight: Sob a Luz do Luar; Selma: Uma Luta Pela Igualdade, e Corra.
Moonlight: Sob a Luz do Luar:
Vencedor do Oscar de melhor filme, o longa de Barry Jenkins fala sobre vulnerabilidades por meio da trajetória de Chiron, interpretado por Alex Hibbert na infância, e por Ashton Sander na adolescência, e Travante Rhodes na fase adulta.
O filme segue um rapaz negro que mora em um bairro violento de Miami, o que pode paracer algo comum para nós: pessoas negras morando em lugares marginalizados, uma figurina repetida, mas que traz reflexões importantes e demarca o racismo estrutural que se perpetua na sociedade. No enredo, Chiron passa por diversos obstáculos e dificuldades, como bullying na escola e até envolvimento com o crime, passando por um processo de autoconhecimento especialmente no tocante à sua sexualidade e negritude.
Selma: Uma Luta Pela Igualdade
Este é um drama baseado em fatos reais. A obra é uma cinebiografia do líder do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos, o pastor protestante e ativista social Martin Luther King Jr (David Oyelowo).
O longa mostra as históricas marchas realizadas por Luther King e manifestantes pacifistas, em 1965, após uma série de violentos ataques racistas. As marchas ocorreram nas cidades de Selma e Montgomery, capital do Alabama, em favor do direito ao voto da população negra no Estado.
Corra!
Este foi lançado em 2018. Se você ainda não assistiu, eis aqui o meu aviso: precisa ter estômago. Jordan Peele não fez um filme sutil, Corra! é o oposto de sutilezas. A obra conta uma história de racismo em formato de terror, o que intensifica a narrativa, visto que o racismo por si só já é aterrorizante.
O personagem principal é Chris (Daniel Kaluuya), um homem negro, que namora com Rose (Allison Williams), uma mulher branca. Depois de um bom tempo de namoro, o casal viaja para conhecer a família de Rose. Desse acontecimento até o final do filme, o racismo se escancara, pois ao chegar lá, ele descobre que tudo não passava de uma armadilha racista, bizarra, perturbadora e claustrofóbica.