Aplicativo Vumbora enfrenta o desafio da mobilidade em Salvador
*Texto Débora Rezende | Vídeo Dudu Assunção
Alunos da UFBA lançam aplicativo de compartilhamento de carona
Ônibus lotados, estacionamentos sem vagas e táxis a preços absurdos. Esse cenário de caos faz parte da rotina de grande parte dos soteropolitanos. Para os estudantes da UFBA, ir para e vir da faculdade é muitas vezes um desafio diário. A fim de solucionar esse problema de locomoção, três alunos da Universidade criaram o aplicativo para celular Vumbora, que promete viabilizar caronas e compartilhamentos de táxi entre os estudantes. O aplicativo é lançado esta semana, após o retorno do recesso de fim de ano na UFBA.
A ideia do aplicativo surgiu com Carolina Costa, 19, aluna do quarto semestre de Engenharia de Produção. Ao chegar – de carro – para as aulas, Carolina encontrava dificuldades para estacionar o veículo devido à superlotação dos estacionamentos na região da Politécnica. Para dar fim à questão, a estudante pensou em desenvolver um projeto físico que melhorasse a estrutura do local, aumentando a possibilidade de estacionamento. Foi quando, em uma conversa com um professor, a ideia do aplicativo surgiu. “Ele me disse: ‘você está na Escola Politécnica. Invente algo tecnológico’”, conta Carolina.
Como não tinha muita experiência com programação de computadores, era preciso encontrar uma equipe capacitada para iniciar o projeto, o que não foi fácil, principalmente por conta da falta de tempo dos colegas. Carolina pensava em desistir do projeto quando o aluno do terceiro semestre de Ciência da Computação, Carlos Strand Leal, 20, mostrou interesse no desenvolvimento do aplicativo. Apesar de já ter tido contato com Leal anteriormente – estudaram juntos no Ensino Médio -, ele estava envolvido com outros projetos. “Carlos me mandou um inbox dizendo que estava interessado”, lembra Carolina. “Eu o encontrei no Shopping Barra, num café, e a gente ficou de começar. Então ele indicou o André e formou”, conta. Para completar a equipe, Carlos apontou seu colega de sala, André Argôlo, 20, que havia conhecido antes de entrar para a UFBA.
O aplicativo levou três meses para ser programado. Segundo os idealizadores, o período mais trabalhoso foi o de planejamento, que levou dois meses. Nessa fase, a equipe tentou eliminar possíveis erros que o programa poderia ter, bem como prever as razões pelas quais as pessoas poderiam não fazer uso do Vumbora. A maior preocupação, explica Carlos Leal, era fazer com que os usuários acreditassem que o aplicativo garantiria a segurança durante o uso. “A gente tem um sistema que se integra ao Facebook, então o usuário vai poder saber se a pessoa que está dando ou pegando carona é amigo ou amiga de algum amigo seu”, esclarece. Além disso, a equipe firmou uma parceira com o Centro de Processamento de Dados (CPD) da Universidade, que verifica se o usuário do sistema está devidamente matriculado na instituição.
Como funciona O Vumbora vai possibilitar que dois usuários com rotas semelhantes compartilhem um táxi ou carona. Assim, se o usuário A estiver saindo da Barra em direção a Ondina e precisar de uma carona, o aplicativo irá detectar sua latitude e longitude no mapa e apontar demais usuários com trajetória semelhante. O usuário B, se estiver de carro ou de táxi, pode então optar por compartilhar o transporte e reduzir seus gastos à metade. Esse trajeto, no entanto, não é exposto. O usuário B não consegue ver o percurso de A, somente que suas rotas se assemelham. Além disso, o aplicativo possui um recurso de chat entre dois usuários que compartilharam uma carona, viabilizando assim o encontro entre ambos. Tal recurso, no entanto, é apenas disponibilizado para quem irá partilhar o trajeto.
No caso da carona, o valor é ajustado para que os usuários dividam apenas o valor do trajeto compartilhado. Segundo Carolina, pagar por uma carona é ilegal. O que acontece durante o uso do Vumbora é uma compensação ao motorista pelo desvio realizado para buscar o usuário A, e um cálculo do que foi gasto em gasolina no percurso. “É uma divisão justa: a gente não vai dividir todo o trajeto, somente aquele comum às duas pessoas”, explica André.
Para garantir a segurança, o aplicativo é conectado à conta do Facebook dos usuários. Desse modo, é possível conhecer a procedência da pessoa com quem se pretende compartilhar o trajeto. Quando a carona termina, ainda é possível avaliar a outra pessoa e recomendá-la aos demais usuários. “A cada término de carona ou táxi compartilhado as pessoas vão poder dar um feedback e uma nota à pessoa”, finaliza Argôlo.
Planos A ideia do aplicativo é nova em Salvador e, justamente por isso, tem ganhado uma visibilidade que surpreendeu os idealizadores do projeto. O objetivo da equipe é que o Vumbora passe a funcionar para toda a cidade. O lançamento inicial para a Universidade, no entanto, é estratégico. “A gente vai lançar para a UFBA primeiro para sentir o mercado e os defeitos que a gente pode ter”, explica Carlos Leal. Além disso, a escala micro permite que a equipe receba um feedback mais direto sobre as funcionalidades do aplicativo.
Outro fator que motiva a restrição inicial do uso do Vumbora aos alunos da UFBA é sua rotina semelhante: horários e trajetos que possibilitam aos usuários pegar uma carona ou dividir um táxi. “A rotina dos alunos da UFBA é parecida, então a probabilidade de uma pessoa poder pegar carona com a outra para a faculdade é grande”, explica André Argôlo.
O aplicativo Vumbora estará disponível para download nas versões iniciais para Android e Web.
Confira o vídeo produzido pela Agenda Arte e Cultura que mostra como funciona o aplicativo e tira algumas dúvidas sobre segurança e funcionalidades: