Artigo: Cuidar da saúde mental em tempos de pandemia é fundamental para manter o equilíbrio

 

Nos momentos caóticos da vida  buscamos respostas práticas da psicologia. 

O que fazer para não sentir ansiedade nem medo, neste período de quarentena por conta do covid-19?   

Será que seria possível não sentir nada nesse momento que desafia nossa existência?  

A ansiedade e o medo são emoções importantes à nossa sobrevivência. É, sobretudo pelo medo que respeitamos a quarentena em nossas casas.

Nesse momento, as manifestações humanas mais comuns como abraçar, olhar no olho, afagar, viajar etc. estão limitadas. E é tão difícil conscientizar da importância de salvaguardar a saúde coletiva agora e nos manter em isolamento social, manter os idosos em casa, ensinar hábitos de higiene a população mais carente… Enfim, são muitos os desafios.  

São grandes também os impactos psíquicos causados quando assistimos esse desastre biológico – muitas mortes – o que nos faz pensar na nossa própria morte e nas pessoas que amamos. Somos bombardeados por conteúdos nas redes sociais, divulgação de fake news e alguns exageros. 

É fundamental a escolha de uma mídia confiável como fonte de informação e evitar se sobrecarregar com conteúdos inúteis e/ou catastróficos que reeditem os nossos piores medos.

O prejuízo financeiro que esse tipo de crise causa também é bastante mobilizador.  Fica muito evidente nesse momento como as estruturas de poder se configuram. Na interseção entre gênero, raça e classe – a população mais pobre já sofre com dificuldade de assistências a sua saúde e na quarentena perde também sua fonte de renda diária,  tendo que escolher entre deixar de levar o pão para casa, ou trabalhar expondo-se ao risco de contaminação, agregando assim mais um sofrimento. 

Diante da nossa realidade, é importante pensar que qualquer ajuda que a gente possa ofertar fará diferença na vida do outro, nem que seja uma palavra de consolo, uma orientação, mesmo que pareça pouco, é muito importante pra quem ouve.

Além de lidar com contexto social, temos as dificuldades de lidar com nossa própria solidão, com os filhos que não estão na escola, com as relações familiares desgastadas. Muitas vezes a nossa agenda toda preenchida adia o momento de conversar sobre esses assuntos sérios e que silenciamos na “correria do dia a dia”. Quanto tempo nós ocupamos para evitar lidar com nossas questões mais íntimas? E agora que estamos lidando com tantos medos  talvez seja o momento de buscar ajuda psicológica. Para isso, muitos profissionais estão oferecendo atendimento online durante essa quarentena. 

Vários profissionais de saúde têm usado suas redes para oferecer dicas de respiração, meditação, exercício físico, organização financeira e tantas outras, mas será que isso vai dar conta das coisas que pensamos e que guardamos em segredo nas nossas memórias?  Não teremos respostas prontas, mas os momentos de crise são também de grandes mudanças e renovação… Gostaria de lhe fazer um convite: pense sobre o que é possível aprender sobre você mesmo nesse momento de quarentena.

Manuela Rocha é Psicóloga e Filósofa : CRP-03/18268
Atendeu no Plantão de Atendimento do programa PSIU da Proae UFBA
É pesquisadora de relações raciais e psicanalista clínica
@manuelarochapsi   manuelasrocha@hotmail.com

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