Praça das Artes recebe bazar da Biblioteca Comunitária Zeferina-Beiru
Por Yananda Lima
Fortalecer a identidade étnica e cultural das crianças, adolescentes e demais moradores do bairro de Arenoso, a partir de atividades sócio-educativas. Este foi o principal objetivo do coletivo formado por estudantes da UFBA e moradores do bairro ao criar a Biblioteca Comunitária Zeferina-Beiru, há cerca de um ano. Buscando o financiamento de reformas na sede – uma casa abandonada há alguns anos no bairro – foi organizado o “Bazar Itinerante”, que aconteceu na Praça das Artes, no campus da UFBA de Ondina, no dia 28 de janeiro.
A primeira edição do Bazar aconteceu durante a inauguração da Biblioteca, em novembro do ano de 2015. “O dinheiro que arrecadamos serviu para fazermos algumas coisas, só que ainda estamos com roupa, então continuamos fazendo o bazar”, afirma Lucas. A próxima edição ocorre no dia 19 de Fevereiro (sexta-feira), a partir das 10h, no Campus da Uneb.
O grupo desenvolve atividades relacionadas a poesia e literatura, organiza leituras coletivas e prática de esportes como o boxe, além de oficinas como a de gênero que ocorreu no início desse mês na sede do projeto, localizada na Rua Gilberto Bastos, em Arenoso. “Nós procuramos incentivar a participação da comunidade na formação das crianças e adolescentes para o desenvolvimento da capacidade de análise da realidade atual (…) estimulando as noções de cidadania e participação popular.” afirma o coletivo.
O Bazar Itinerante foi possibilitado através da doação de roupas dos moradores da comunidade e vendidas a preço popular (de R$1 à R$10). “Aqui é um bazar itinerante, fizemos o primeiro na inauguração, o segundo aqui em Ondina e vamos ver onde serão os outros”, aponta Lucas. “Estamos esperando a UNEB voltar as aulas pra fazermos lá”, complementa Hugo Gabriel, integrante do grupo idealizador do projeto e estudante de Ciências Sociais na Universidade.
O público é composto em sua maioria por crianças e jovens e, geralmente, funciona à tarde, contando com outros projetos em desenvolvimento como a horta comunitária, a oficina de capoeira e os saraus. Lucas Barbosa, um dos organizadores do projeto e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, diz que o maior desafio do grupo ainda é a revitalização do espaço. “A nossa intenção é conseguir terminar de construir o espaço e tocar as atividades”, aponta.
Além dos projetos sociais, um dos objetivos da Biblioteca Comunitária é o resgate da história presente na comunidade, representada através do seu nome: Zeferina-Beiru. Zeferina era uma líder de quilombo da região do Cabula – que compreendia naquele época a região de Pernambués a Cajazeiras – e Beiru foi um nigeriano escravizado e levado ao Cabula, onde conseguiu se refugiar e organizar um quilombo também. “Isso conta um pouco da nossa históra”, aponta Hugo.