Veja o que foi debatido no último dia do Enecult

Por Inara Almeida e Laisa Gama

 

Tratando de temas voltados para práticas culturais e impactos da pandemia de covid-19, o  último dia do Enecult aconteceu hoje (30), tendo seu início às 8h e com transmissão através do canal do Youtube. Pela manhã, participaram os professores Maria de Fátima Hanaque (UNEB) e Ricardo Mendes (IFBA), além dasdoutorandas Adriana Santos (IFBA) e Salete Vieira (UNEB). Também palestraram Ana Teles da Silva (Museu Nacional de Belas Artes), Eloisa Sousa (UNIRIO) e Luiz Marfuz (UFBA).

Na primeira mesa do dia, contamos com a abordagem sobre comunidades tradicionais na Bahia, como, por exemplo, as marisqueiras, as quais foram abordadas pela professora Maria de Fátima. Ela trouxe uma perspectiva sobre o desenvolvimento social da comunidade de Mangue Seco, em Valença, na Bahia. “Essa atividade tem sido a principal base econômica que garante a sobrevivência, principalmente das mulheres, possuidoras de um conhecimento expresso em práticas e saberes”, explicou a professora.

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Já Salete Vieira falou a respeito dos quilombos na Bahia. Através de um recorte sobre sua pesquisa de doutorado, ela tratou do turismo e conhecimento quilombolas no Estado. Enquanto Adriana Melo apresentou os aspectos também voltados à visitação turística na reserva indígena Pataxó da Jaqueira no contexto pandêmico.

“Essas comunidades foram umas das mais afetadas porque elas concentram uma interdependência do turismo, sendo sua principal renda e que precisaram ser fechadas. Passaram a depender dessa ajuda pública, às vezes privada, para prover necessidades básicas”, explicou Adriana. Ricardo Mendes trouxe aperspectiva da resistência dos povos originários do extremo sul da Bahia mediante práticas que degradam suas terras.

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Além da mesa voltada a comunidades do Estado, tivemos outra voltada a discussões acerca da possibilidade de mudanças nas formas expositivas de um museu, para que se torne mais inclusivo. Assim, Eloísa Sousa falou a respeito das contradições acerca da construção identitária negra nos Museus de Artes. Ana Teles também conversou a respeito dessa identidade em meio aos museus trazendo uma perspectiva das imagens e representações do negro no acervo do Museu Nacional de Belas Artes.

As principais representações do negro no acervo giravam em torno de uma invizibilização ou escravização e,também, apesar de todas as limitações, do negro como produtor identitário. Porém, suas representações ficavam sempre atreladas à ideia de uma cultura popular. “As maiores representações da negritude se dá enquanto produtor de uma cultura popular. A pergunta que fica é: por que ainda é forte essa imagem do negro enquanto artista popular e não erudito?”, questiona Ana. Em seguida, tivemos Reginlado tratando a respeito do protagonismo dos artistas  negros desde o período da Academia Imperial de Belas Artes.

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A primeira mesa do turno vespertino discutiu e compartilhou experiências de produtores culturais no âmbito universitário. Anna Rodrigues (UFAL), que foi a idealizadora da mesa, abriu a discussão apresentando a sua pesquisa intitulada “Universidades e produtores culturais: o técnico realizador” e expondo a situação em que as universidades públicas e, consequentemente, as atividades culturais se encontram. “A autonomia universitária está sendo atacada a todo momento, tanto politicamente quanto financeiramente (..) a cultura está diretamente ameaçada por ser a extensão, a base da política na UFAL”, diz.

Gabriel Cid (UFRJ), Lígia Petrucci (UFRGS- Projeto Unimúsica) e Selmar Levino (UFRR) são os produtores culturais que completaram a mesa e trouxeram a diversidade proposta, inicialmente, por serem profissionais de diferentes regiões do Brasil. O grupo, através das exposições e debate final, reafirma a necessidade da consolidação da universidade pública enquanto instituições culturais.

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A mesa de encerramento promoveu discussões sobre as dificuldades e possibilidades de atravessamento em relação à cultura e a universidade pública no país. Com intermédio da professora de comunicação da UFBA, Renata Rocha, e saudações da Secretária de Políticas para as Mulheres – SPM/BA,Julieta Palmeira, a primeira convidada foi a deputada federal Alice Portugal, que iniciou afirmando a importância do evento Enecult. “O Enecult é uma das principais iniciativas universitárias em relação à construção de conteúdo cultural e à discussão de políticas públicas em cultura.

O reitor e vice-reitor da UFBA, João Carlos Salles e Paulo Miguez, respectivamente, também compuseram a mesa e reiteraram a resistência da universidade pública diante do atual cenário político do país, principalmente a Universidade Federal da Bahia. “Esse é um momento de mobilização pela cultura e da cultura pelas nossas instituições”, finalizou o reitor João Carlos.

O XVIII Enecult, que teve início no dia 27 de julho, foi um evento promovido pela Universidade Federal da Bahia através da Faculdade de Comunicação (Facom), do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC), doPrograma Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura) e do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT).

 

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