Dia Nacional do Livro: Agenda Indica três obras da literatura brasileira
Embarque no universo literário por meio de três narrativas fantásticas
Por: Ruan Amorim
Hoje (29) é comemorado o Dia Nacional do Livro, também conhecido como meu aniversário. Aliás, eu sou muito feliz por isso. Acho que nenhum outro dia me cairia tão bem como esse. Isso porque os livros sempre foram minha paixão, minha válvula de escape. Então, como leitor voraz que sou, agradeço ao universo por essa excelente coincidência do. E, por isso, o Agenda Indica de hoje é temático: é de livros.
Indico para vocês três obras da literatura brasileira que me acompanham desde que comecei a me enveredar pelo mundo literário, e digo para vocês, meus amigos leitores, que mundo fantástico. As minhas indicações são: A Hora da Estrela, de Clarice Lispector; Vidas Secas, de Graciliano Ramos; e Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto. Ah, relaxem, viu, as informações que darei sobre esses clássicos serão objetivas, eu não darei spoiler!
A Hora da Estrela
Esse é curtinho e vai te deixar com o gostinho de quero mais. Pelo menos comigo foi assim. A Hora da Estrela é o último romance publicado da renomada Clarice Lispector. A obra de 1977 é apresentada por um narrador fictício, Rodrigo S.M, que relata, de forma intimista, a vida da jovem nordestina Macabéa. Minha querida, Macabéa. Eu amo essa personagem. A sua trajetória, marcada por conflitos existenciais, é transmitida de forma não linear, mas a compreensão não é comprometida.
A personagem é leve, sobretudo, pela sua inocência que, infelizmente, foi pisada. Sim, isso é para te deixar curioso, querido leitor. Então, desse breve resumo, que jamais será capaz de retratar a grandeza de A Hora de Estrela, eu espero que você vá para o livro e viaje pelo universo de Macabéa, garanto que não vai se arrepender!
Vidas Secas
Vidas Secas é o meu xodó. Minha personagem preferida dessa narrativa é cachorra Baleia. Leiam para entender o porquê. Este romance é do alagoano Graciliano Ramos e foi publicado em 1938. Ele retrata a vida de uma família sertaneja que sobrevive em meio a grande seca do sertão. Duas frases que podem definir bem esse livro são: Em meio ao caos, há esperança. Em meio a esperança, há o caos. Digo isso, porque ora a obra apresenta um contexto de melhora, ora ela enfatiza que a luta contra a seca não tem fim.
Os personagens são bem construídos, cada um com sua singularidade, que faz da obra rica, dinâmica e gostosa de se ler. A família que luta contra a miséria tem cinco integrantes: o casal Fabiano e Sinha Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia. É uma obra atemporal, que serve de análise para a situação política do Brasil na década de 30.
Recordações do Escrivão Isaías Caminha
Esse foi o primeiro romance de Lima Barreto, publicado em 1909. Essa obra é fenomenal por inúmeros motivos. Ela traz à tona um debate que vem ganhando cada vez mais notoriedade nos dias de hoje: o racial. Nesta obra, Lima Barreto conta a sua história através do personagem Isaías Caminha, um intelectual negro empobrecido, que sai do interior do Rio de Janeiro para estudar na capital, mas se depara com a sociedade que se estrutura de ínicio ao fim pelo racismo.
Acho que todo mundo deveria ter contato com esse livro. Ele nos diz muito sobre a estrutura do racismo na sociedade brasileira. A narrativa demonstra como o preconceito racial impregnava todas as instituições do Brasil, seja a família, a igreja, a escola ou a justiça.