Encontro debate saída do exército brasileiro do Haiti

Realização do projeto de extensão DOCSETOQUE buscou dialogar sobre o papel do Brasil diante da situação do país haitiano, ocupado há nove anos pelas tropas do MINUSTAH. 

*Por Carol Oliveira

“O Haiti precisa de médicos e não de tropas policiais”, afirma a professora Edenice Santana, integrante do comitê “Defender o Haiti é defender a nós mesmos”. No dia 12 de junho, o auditório da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi cenário para uma sessão de vídeo que discutiu a saída do exercito brasileiro do Haiti, primeira República negra do mundo, uma realização do projeto de extensão DOCSETOQUE que buscou dialogar sobre o papel do Brasil diante da situação. Para nortear a discussão, foram exibidos dois vídeos que relatam a situação do país, o primeiro “O que se passa no Haiti?” produzido e dirigido pelo jornalista norte americano Kevin Pina em 2007, e o segundo vídeo “HAITI Estamos Cansados” produzido no ano de 2010 pelo estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Daniel Santos. De acordo com a produção do encontro, a exibição dos dois filmes acontece pela complementaridade que há entre eles.

Após a exibição dos documentários, o público assistiu à palestra da professora Edenice Santana, integrante do comitê que defende a soberania do povo haitiano.

“O que se passa no Haiti?” retrata e denuncia o massacre cometido pelas forças da Organização das Nações Unidas (ONU) lideradas pelo Brasil contra moradores da cidade Cité Soleil, no Haiti. O massacre aconteceu após a organização de um protesto de cerca de dez mil pessoas que exigiam o retorno do presidente Jean-Bertrand Aristide ao país e a saída das forças militares estrangeiras. As imagens revelam que as tropas da ONU atiraram a partir de helicópteros contra civis desarmados. As tropas da ONU tentaram justificar suas ações com o pretexto de combater supostas gangues no local. No segundo vídeo exibido no encontro, “HAITI Estamos Cansados”, que mostra a situação dramática da população haitiana com a ocupação militar do MINUSTAH e após o terremoto de janeiro do ano 2010 que deixou muitos haitianos feridos e desabrigados, além de ter provocado muitas mortes.

A professora Edenice Santana discorreu sobre o assunto a fim de estimular a reflexão. “São 9 anos de invasão que tira a soberania de um povo” afirma Edenice. No dia primeiro de junho de 2013 completou-se 9 anos  que tropas de 19 países que compõem as forças da MINUSTAH, lideradas pelo Brasil, ocuparam o Haiti. Desde então o Comitê “Defender o Haiti é defender a nós mesmos” tem lutado pela retirada das tropas da ONU e pela soberania do povo haitiano. De acordo com a professora, o que acontece no país é um verdadeiro caos, mas que a mídia não mostra. “O que o Haiti precisa é de sua independência”, ressalta a professora.

A MINUSTAH:

Em 2004, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão integrante da ONU que busca zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional criou a missão de paz chamada de MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti). De acordo com algumas descrições que circulam na internet, a MINUSTAH tem o objetivo de restaurar a ordem no Haiti, após um período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide. O exercito brasileiro é o responsável pela coordenação das tropas da MINUSTAH e desde então não diálogos sobre a posição que o país ocupa e sobre as diversas denúncias de violações dos direitos humanos por parte das tropas da ONU.

CONFERÊNCIA CONTINENTAL PELA RETIRADA DAS FORÇAS DA ONU DO HAITI:

No dia 1° de junho, aniversário de 9 anos de ocupação das tropas do MINUSTAH, foi realizada uma Conferência Continental pela retirada das forças da ONU que reuniu delegações da Argentina, Argélia, Brasil, Estados Unidos, El Salvador, França, Guadalupe, Martinica e México. Um grande ato público no Campo de Marte, sob a estatua de Dessalines, herói da libertação nacional haitiana, com a participação de centenas de haitianos, foi um momento memorável da solidariedade internacionalista que marcou toda a conferência. O senador haitiano Jean Charles Moise que esteve no Brasil este ano e explicou que “O Senado haitiano votou, por unanimidade, no dia 28 de maio, pela segunda vez, a exigência da retirada das tropas, de forma organizada e gradual até maio de 2014. Essa votação exprime de forma inequívoca a vontade do povo haitiano”. Ao final da Conferência Continental, foi aprovada por aclamação resolução dirigida a todos os governos com tropas na MINUSTAH que exige a imediata retirada das tropas.

Confira os links dos vídeos exibidos (Youtube):

“O que se passa no Haiti?”

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=qkmWX-zi1F8

“HAITI Estamos Cansados”

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=z4iJB-0V1oc

 

 

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