Entrevista com o diretor teatral Luiz Marfuz

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Por Adriana Santana*
 

Luiz Marfuz é mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas (1996) e doutor em Artes Cênicas (2007), ambos pela Ufba. É professor da Escola de Teatro (ETUfba), diretor teatral, arte-educador, dramaturgo e pesquisador sobre encenação contemporânea e estratégias de encenação no teatro de Samuel Beckett.

Em entrevista exclusiva Marfuz, comenta sobre o espetáculo Meu nome é mentira, montagem de formatura do curso de Interpretação da ETUfba e sobre questões referentes à produção teatral.

Esta é segunda vez que Marfuz assume a direção de um espetáculo de formatura da ETUfba. No caso de Atire a primeira pedra, a peça conseguiu alcançar uma visibilidade para além dos muros da Escola e até hoje realiza apresentações, inclusive no interior do estado.

 

Agenda Arte e Cultura – Não é fácil fazer circular espetáculos teatrais experimentais como os da Escola de Teatro da Ufba,  o senhor concorda com esta afirmação?

Luiz Marfuz – Manter qualquer espetáculo em cartaz é difícil. Se tem caráter experimental e vem de grupos novos, a dificuldade é maior. Por outro lado, existem a vontade a garra de quem está começando, querendo investir na carreira. E aí estas pessoas e grupos se arriscam mais, como foi o caso do Toca de Teatro, grupo originário do espetáculo Atire  a primeira pedra.

 

Agenda Arte e Cultura – Na sua opinião, qual a alternativa para que os projetos desenvolvidos em um importante laboratório como a Escola de Teatro da Ufba alcance uma maior circulação, que resultaria na sustentabilidade das produções e grupos?

Luiz Marfuz – De um lado falta apoio maior da Escola no que se refere à infraestrutura e pauta para apresentações. Com esta peça de formatura, por exemplo, fazemos um esforço enorme. São 18 atores-formandos em cena, 4 músicos e uma equipe grande de professores, técnicos e artistas no suporte. Só temos uma formatura de atores em Interpretação por ano. E ficamos apenas duas semanas em cartaz. Boa parte desse tempo é consumido em montagem e adaptação da peça e dos atores ao espaço, já que o grupo é grande. Por outro lado, poderia haver mais incentivos do Estado aos grupos que estão começando, a exemplo do Calendário de Apoio. Formas que instigassem as pessoas a se consolidarem como grupo e se firmarem na cena baiana.

 

Agenda Arte e Cultura – A circulação ainda é o grande desafio da produção cultural baiana?

Luiz Marfuz – Sem dúvida, porque ela é muito custosa. E se pensarmos em circulação regional ou nacional o desafio é maior, porque os custos com passagem, hospedagem, diárias da equipe é grande. Sem falar de transporte de cenários, que, em muitos casos pede conduções especiais, como caminhão baú.

 

Agenda Arte e Cultura – Enquanto diretor teatral, apresentar uma produção que fique em cartaz apenas por 2, 3, 4 semanas é decepcionante?

Luiz Marfuz – Completamente. Neste caso, são apenas duas semanas, com o risco de não mais voltar a cartaz.

 

Agenda Arte e Cultura – Compor um elenco formado por 42 atores em Meu Nome é Mentira foi possível pelo caráter experimental do projeto, pois o mercado profissional não costuma assumir custos tão altos de produção. Produzir para atores em formação, dentro do âmbito universitário, é mais libertador nesse sentido?

Luiz Marfuz – A universidade é um campo livre de experimentação, sem amarras às exigências do mercado. Tem ainda a vontade de uma gente jovem que quer apostar no risco e na experimentação. Neste sentido, é mais libertador, pode-se avançar mais, sem se preocupar excessivamente com o público.

 

Agenda Arte e Cultura – Como é ver uma nova geração no palco e fazer parte do amadurecimento profissional dos formandos com o trabalho Meu nome é mentira?

Luiz Marfuz – É uma grande satisfação participar do processo de formação de uma nova geração de atores. Contribuir para seu crescimento profissional, fazer despertar seu potencial, lançar desafios e, principalmente, poder trocar experiências.

 

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

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