Gênero, Raça e Sexualidade é tema da primeira edição do Satélite Político
A primeira edição do Satélite Político foi uma parceria entre o GIR@ e a plataforma de comunicação colaborativa Cidade Satélite
Por: Glenda Dantas
Na última segunda, 10, ocorreu no PAF 1 a primeira edição do evento Satélite Político. O debate discutiu principalmente a união entre as mulheres, a partir da sororidade, tendo como subtema “Das Propostas às Práticas em Gênero, Raça e Sexualidade”. A discussão foi subsidiada pelos dados das eleições 2016 coletados por membros do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação – GIR@ através do projeto de pesquisa Observatório Feminista das Eleições. Estiveram presentes na atividade a vereadora eleita em Salvador, Marta Rodrigues (PT), e as candidatas não-eleitas, Lindinalva de Paula (PT) e Cristina Gonçalves (PSB).
O evento foi aberto pela membra do GIR@, Shirlei Sanjeva, que apresentou os qualitativos e quantitativos referentes principalmente às candidaturas de minorias políticas nas eleições 2016. De acordo com a pesquisa, houve um aumento nas candidaturas do público LGBT, no entanto, diminuição no número de candidatos eleitos. Na Bahia, registrou-se uma diminuição no número de candidatas à prefeitura e baixa participação feminina em relação aos candidatos indígenas.
Marta Rodrigues falou sobre a nova composição da Câmara Municipal de Vereadores. “Há um fundamentalismo muito marcante na Câmara, com uma ultra direita conservadora e isso me preocupa muito”, denunciou. Porém, segundo ela, é importante que haja união entre movimentos sociais, academia e poder público. “Se a gente tivesse uma câmara com representatividade seria muito mais fácil levar os debates das minorias.”, apontou. Para ela,“mandato é uma ferramenta de luta”.
A militante das causas das pessoas com deficiência e das mulheres, Cristina Gonçalves, criticou a Câmara de Vereadores quanto ao tratamento que é dado às causas das minorias. “A forma que as mulheres e as minorias são tratadas é de um descrédito e um desmerecimento que chega a ser ultrajante”, denunciou. No que diz respeito à visibilidade das pessoas com deficiência em Salvador, Gonçalves denunciou a falta de representação nos espaços de decisão.. “Somos 750mil pessoas com deficiência, daria para eleger a Câmara inteira e infelizmente a gente se vê à mercê. A gente precisa ser visto pois estamos em todas as partes da sociedade. Se a gente se unir nós seremos bem mais fortes”.
Lindinalva de Paula, integrante da Rede de Mulheres Negras da Bahia, criticou o comportamento da legenda petista. “O partido busca cumprir a sua cota com o quantitativo de mulheres, mas não vai além disso. Ninguém quer apostar numa candidatura de enfrentamento”. Ela ainda apontou a necessidade de discutir empoderamento e igualdade das mulheres negras.“Precisamos falar de igualdade e de empoderamento. Discutir o voto da mulher negra é educativo e revolucionário”.
Observatório Feminista das Eleições
O projeto de pesquisa Observatório Feminista das Eleições surgiu do Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação – GIR@ em 2014 com o objetivo de fazer monitoramento da mídia durante o período das eleições estaduais. Em 2016, o projeto cobriu as eleições municipais. A ideia é que consiga analisar a representatividade de candidatos que pertencem a grupos sub-representados: negros, transexuais, LGBT’s, indígenas, mas com o olhar voltado para o gênero feminino.
A autodeclaração no Tribunal Superior Eleitoral – TSE, em 2014, possibilitou que o grupo estabelecesse análises quantitativas e qualitativas detalhada das minorias sociais dentro das candidaturas.
“Observamos que a eleição foi bastante conturbada, mas como tem somente uma semana, temos uns dados meio crus.. Nessas pesquisas a gente consegue observar nitidamente essa ideia de representação trazendo à tona a sub-representação de minorias, a fim de construir políticas públicas, possibilidades e estratégias para conduzi-los a esfera de poder”, avaliou Sanjeva.
A expectativa da equipe organizadora é que até o final de outubro sejam lançados os resultados finais do observatório e em dois meses um artigo. Nas eleições de 2018 o grupo pretende continuar com o projeto.
Cidade Satélite
O Cidade Satélite é uma plataforma de comunicação colaborativa que em parceria com o Observatório Feminista das Eleições realizou o evento Satélite Político.A primeira edição do evento teve como pilar, a reunião de representantes de grupos políticos, candidatas eleitas e não-eleitas, sociais e acadêmicos para debaterem gênero, raça e sexualidade, com base nas eleições de 2016 e na representatividade quantitativa e qualitativa.
O estudo foi feito com base nacional e estadual e deve abarcar outros municípios baianos, a exemplo de Camaçari, onde no dia 24 de outubro o tema será Esporte e Trabalho.