Grupo de teatro vira extensão da UFBA e abre vagas para novos integrantes
Todos podem fazer teatro: a organizadora do grupo de extensão Debaixo do Mesmo Teto, da ETUFBA, utiliza dinâmicas mais lúdicas e menos rígidas, e defende que “o compromisso é com a diversão”
*Texto e fotos por Gustavo Salgado
O grupo experimental de teatro Debaixo do Mesmo Teto, vinculado à Escola de Teatro da UFBA (ETUFBA), torna-se oficialmente atividade de extensão da Universidade e está à procura de interessados em integrar a equipe. A melhor parte é que não precisa ser profissional ou estudante da área de Artes Cênicas. Além do comprometimento com os ensaios, “o compromisso é com a diversão”.
Originado da pesquisa de Licenciatura em Artes Cênicas de Joseane Santana, o Debaixo do Mesmo Teto sempre teve como objetivo estimular a criatividade. O grupo surgiu em outubro de 2013, a partir da necessidade de Joseane criar sua Oficina de Estágio, disciplina obrigatória da graduação. Joseane define sua atuação como “apenas orientação da criação deles [os entusiastas pelo teatro]”. Ela utiliza métodos não convencionais nas aulas, recebendo críticas negativas de membros da Escola de Teatro, mas em tom bem-humorado resume que “não há uma única inspiração, há inspirações”.
Joseane foge à regra das típicas dinâmicas que precedem as encenações, de aquecimentos mais lúdicos a experimentações em espaços novos. Ao preparar o grupo para realizar apresentações para o público, a organizadora promove jogos e brincadeiras como pega-pega e esconde-esconde com a intenção de estimular e facilitar a interação entre as pessoas.
Fuga do rigor acadêmico A única estudante da Escola de Teatro da UFBA que faz parte do conjunto teatral, composto atualmente por dez pessoas, é a própria Joseane. Os demais integrantes são em sua maioria estudantes de outros cursos da UFBA, com a proposta de estarem todos Debaixo do Mesmo Teto. Ao se tornar programa de extensão, o número de vagas passa a ser de 15.
Ao perceber, em um dos ensaios, que os estudantes não estavam confortáveis com as reuniões apenas em ambientes fechados, a orientadora da equipe teatral decidiu inovar. Levou os alunos à Praça do Campo Grande, centro histórico, e realizou uma apresentação em meio a reações e recepções diferentes. Dos moradores de arredores da praça que assistiam à cena de suas residências aos pedestres que muitas vezes não entendiam o que estava acontecendo, “após ficar muito tempo trancados, arriscar atuar na rua, ver gente, pareceu uma injeção de adrenalina, e ao voltar à Escola de Teatro eles estavam mais entregues e confiantes”, afirma Joseane.
“Eu quero que façam como der. Brinquem, divirtam-se”, completa. Ela admite sentir preocupação, ainda que tente não demonstrar ou transmitir aos alunos, com a crítica técnica “dos outros” – como define estudantes da Escola de Teatro que vão às mostras e oficinas do grupo apontar erros e defeitos.
A atenção de Joseane volta-se aos atores em experimentação, e ela afirma não pensar primeiramente no público. Sob o lema de que o externo não deve contaminá-los, e sim que o de dentro (o interior dos atores) vai causar um impacto no de fora (a crítica, o público, o olhar estrangeiro).
As oficinas de teatro “desinibem e facilitam a extroversão, diminuem o medo de se falar e enfrentar o público através do olho no olho”, de acordo com Nei Duarte, que cursa Design na UFBA. “Eu tinha dificuldade com improvisação”, admite Angélica Behrmann, estudante de Artes Plásticas da UFBA, que atualmente demonstra uma desenvoltura confiante no palco. João Batista, estudante de Psicologia, afirma que era tímido e que após visualizar as oportunidades de se expor e adquirir autoconhecimento que o teatro permitia decidiu se dedicar, se “jogar com vontade”.
Ulisses Silva, professor de Filosofia de um colégio em Salvador, relata que “agarrou essa oportunidade de ter contato com teatro” porque sempre desejou uma maior aproximação com a arte, e isso renovou e deu um novo estímulo à sua vida.
Debaixo do Mesmo Teto está inscrito como extensão da UFBA desde janeiro deste ano. Ocorrerão oficinas nos dias 5, 7 e 12 de fevereiro, na Escola de Teatro da UFBA, às 19h, para completar o quadro de integrantes do grupo. A atividade é gratuita.
Parabéns! A todas(os)… vocês.