Iniciativa Opará Saberes realiza live e reabre inscrições para fomento ao ingresso de pessoas negras em cursos de pós-graduação

O projeto simplificou as inscrições para formação e mentoria de pessoas negras que desejam ingressar em cursos de mestrado e doutorado.

A Opará Saberes, iniciativa para o fomento do ingresso de pessoas negras na pós-graduação pública, reabre suas inscrições e amplia o número de vagas. Agora, as inscrições vão até o dia 30 de setembro com metodologia simplificada por meio do Google forms no link: https://bit.ly/inscricaoopara Não será necessário anexar projeto e carta de motivação no ato da inscrição.

A iniciativa promove ainda, nesta quinta (29/10), às 20h, uma live no perfil do Instagram (@oparasaberes), de tema “Síndrome da Impostora: de quem é a impostura?”, com as participações de Camille Cristine (@camillecristinee), fotógrafa de sorrisos e especialista em autoestima feminina, Cássia Maciel (@cassiavbmaciel), pró-reitora de Ações Afirmativas e Assistência Estudatil da UFBA, e a mediação fica a cargo de Raquel Santos (@quelzi), assistente de projetos da Opará Saberes.  A live é uma parceria com a Pró-Reitoria de Ações Afirmativa e Assistência Estudantil (PROAE/UFBA), em alusão ao Setembro Amarelo, campanha brasileira iniciada em 2015 de de prevenção ao suicídio.

A síndrome da impostora, tema a ser discutido na live, é representada por uma sensação recorrente de ser uma fraude e uma constate tendência à autossabotagem. Pessoas com esse problema tendem a achar que suas vitórias se devem mais à sorte do que à própria capacidade de realização. O medo e a insegurança constroem uma percepção equivocada de si permeada pelo falso olhar de incompetência.

Divulgação.
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A iniciativa e inscrições

Devido à alta procura de pessoas que não conseguiram se inscrever ou enviar a documentação completa, a iniciativa alterou seu calendário de aulas e mentoria com previsão de início em 13 de outubro e término dia 23 de novembro. Tais mudanças, justificadas pela urgente necessidade de inclusão, serão divulgadas por e-mail a todas as pessoas já inscritas.

Partindo da filosofia Ubuntu, a Opará acredita no respeito e acolhimento à comunidade negra que, em decorrência das dificuldades impostas sistematicamente pelo racismo, não conseguiram finalizar o processo de inscrição para o projeto.

Para Carla Akotirene é “[…] impossível tratar de assuntos tão importantes para a nossa comunidade apenas seguindo a lógica ocidental de tempo sem atenção aos entraves sofridos historicamente por nossa comunidade.”, afirma a idealizadora do projeto.

Com o objetivo de inverter a pirâmide social, o propósito do projeto é ser instrumento de inclusão e fortalecimento para que pessoas negras, seja mulheres, homens e pessoas não-binárias, conquistem espaços dentro dos ambientes acadêmicos, uma vez que segundo o levantamento realizado pela Liga de Ciência Preta Brasileira, com base nos dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 2020, entre os estudantes de pós-graduação no país apenas 2,7% são pretos e 12,7% são pardos, diante de 82,7% de brancos.

As inscrições confirmadas já estão garantidas na formação, que compreende os cinco eixos: 1) Masculinidade, Violências de Gênero e Interseccionalidade; 2) Gênero, Poder e Ciências; 3) Sistemas de Justiça e Prisionizacão; 4) Saúde da Mulher e Saúde da População Negra; e 5) Colonialidade, Literatura e Epistemicídio. Contaremos com a contribuição de intelectuais, professores e professoras com grandes contribuições na luta antirracista: Deivson Nkosi, Renato Noguera, Djamila Ribeiro, Florita Telo, Ana Cláudia Pacheco, Zelinda Barros, Bárbara Carine, Hélio Santos, Matilde Ribeiro, Denise Carrascosa, Emanuele Góes, Denize Ribeiro, Sidnei Nogueira, Livia Natália e Lourenço Cardoso.

Já a mentoria contará com um time de intelectuais negres que orientarão as candidatas na escrita do projeto e demais etapas da seleção. Serão 40 horas de tutoria e, para que esse processo seja aproveitado ao máximo, cada candidata, no ato da inscrição, deve expor seus desejos e interesses de pesquisa. Além disso, as participantes da iniciativa terão acompanhamento psicológico e dicas de como apresentar seu projeto para uma banca de seleção.

Juntando-se ao coro de apoiadores e apoiadoras do projeto, o jornalista e apresentador Manoel Soares faz um chamamento: “Você que tem vontade de ampliar os seus conhecimentos, um conhecimento que leve a libertação não só da sua mente, mas a libertação financeira, aos conceitos eurocêntricos que nos aprisionam, tem aí uma oportunidade: Opará Saberes!”.

A psicóloga Laura Augusta Almeida também reforça que ” A preparação com uma perspectiva racial para o ingresso nos cursos de pós-graduação é fundamental para a manutenção de nossas narrativas na universidade e para uma permanência que não deprecie as nossas subjetividades. Ingressar nesses espaços também é deixar nossas histórias e perspectivas de vida no mundo, inspirando outras pessoas a adentrarem esse espaço político. Promover esse movimento também é construção de saúde mental.”. Laura é Mestra em gênero, mulheres e feminismos pelo PPGNEIM/UFBA, coordenadora geral da Rede Dandaras e integrante da iniciativa Opará coordenando os trabalhos psicopedagógicos.

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