Do jornalismo ao cinema: baiano Victor Fonseca faz sucesso ao dirigir curta no exterior

Filme The Elevator já recebeu 14 premiações no exterior e foi aceito em festivais de quase todos os continentes

Por: Ruan Amorim

Enveredar-se pelo mundo da direção cinematográfica nunca foi algo que se passou pela cabeça do baiano Victor Fonseca quando ele cursava jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/Ufba). Hoje, o jornalista de 27 anos se surpreende ao navegar no grande mar do cinema como diretor do curta-metragem “The Elevator”, que já recebeu no exterior 14 premiações, entre elas, a de melhor curta LGBT pela Paris Film Awards e pela London International Short Film Festival.

Apaixonado por cinema, mas especificamente pelo setor de pré e pós-produção cinematográfica e edição de vídeo, Victor decidiu fazer jornalismo para atuar na área de entretenimento e se aproximar cada vez mais do campo em que buscava trabalhar. “Durante minha passagem pela Facom, eu peguei várias matérias do curso de cinema. Eu jamais cogitei desistir do sonho de trabalhar nessa área”, conta o diretor.

Após se formar em jornalismo, Victor foi para o Canadá, em 2020, estudar cinema na George Brown College para aperfeiçoar suas habilidades como editor de trabalhos audiovisuais e aprender mais sobre a elaboração de projetos cinematográficos. Mas, para sua surpresa, além de aprimorar as técnicas de edição e produção de cinema, ele se encontrou na direção cinematográfica, o que resultou em “The Elevator”.

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Produção do filme “The Elevator”. Imagem cedida pela produção.

“Na George Brown College, os professores sempre perguntavam se alguém desejava se tornar diretor, algo que nunca cogitei. A área de direção não me interessava, mas durante quatro semestres no curso, tive a oportunidade de trabalhar com diretores e em algumas produções. Além disso, apresentei o roteiro de The Elevator que tinha escrito para a banca de docentes, que o escolheu para ser produzido no último semestre do curso”. Foi nesse processo que tomei gosto pela direção”, esclarece Victor. 

No penúltimo semestre do curso, Victor teve aulas de construção de roteiro e começou a escrever “The Elevator”, abraçando a possibilidade de dirigir um filme, que poderia ter a produção financiada pela instituição para ser apresentado no último período da formação. “Para que isso acontecesse, foi necessário montar uma equipe com assistente de direção, de fotografia, produtor e alguém para cuidar do design, e apresentar a proposta para os professores. De 25 projetos, apenas 12 foram selecionados, entre eles, The Elevator”, conta Victor.

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Cena do filme The Elevator. Imagem cedida pela produção.

Do script para o audiovisual 

Após ter o veredito dos professores, Victor, na função de roteirista e diretor,  enfrentou o desafio de transformar o script em um produto audiovisual. Isso em meio à pandemia, que limitou a quantidade de pessoas que poderiam fazer parte da equipe de produção, juntamente com os gastos que superaram a verba de 600 US$ disponibilizada pelo College para a realização do curta. Apesar das dificuldades, o baiano teve sucesso e conseguiu levar a história de Gabriel e Sam, que se conhecem ao cruzarem algumas vezes em um elevador, para as telinhas.

O filme segue os dois personagens e tem como cenário o elevador, que, de acordo com o diretor, é um lugar claustrofóbico e, ao mesmo tempo, um espaço onde conversas podem acontecer e intimidades serem desenvolvidas. Com esse pano de fundo, o enredo gira em torno de Gabriel, um rapaz tímido, que tenta passar por cima das suas inseguranças para chamar seu vizinho, Sam,  para sair.

A narrativa do curta carrega as experiências de Victor. Ele queria desenvolver uma história fácil de produzir, que não precisasse de muitas pessoas para atuar, devido à pandemia, mas que traduzisse para o público um pouquinho dos seus sentimentos. “Na época, eu estava ajudando um amigo a se mudar. Lembro que entrei no elevador com várias coisas da mudança e encontrei uma senhora que começou a puxar assunto comigo, isso me ajudou a desenvolver a ideia do curta, uma vez que percebi que o elevador é um local em que relações pessoais mais profundas podem ser construídas”. 

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Produção do filme “The Elevator”. Imagem cedida pela produção.

Reconhecimento 

Após o processo de produção e exibição, Victor se surpreendeu com a recepção positiva em festivais. Isso foi o que mais o marcou, pois em sua primeira atuação como diretor e roteirista, não esperava ter tanto reconhecimento. “É incrível você transformar uma ideia em um produto audiovisual e ser reconhecido por isso. Já fomos aceitos em vários festivais, praticamente em quase todos os continentes. A expectativa era que pelo menos um festival aceitasse o nosso projeto, mas fomos surpreendidos”, diz o diretor.

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Imagem cedida pela produção.

O curta “The Elevator” está sendo exibido atualmente apenas em festivais de cinema internacionais. No Brasil, o filme foi inscrito em alguns festivais e está no processo de espera da divulgação da aprovação. De acordo com Victor, ainda em 2022, o filme pode ser disponibilizado online para que mais pessoas possam assistir.

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