Primeiro Meliponário de Salvador é instalado na UFBA
O espaço destinado à criação de abelhas sem ferrão é aberto ao público e irá disponibilizar cursos em fevereiro
Por Rafaela Fleur
Ao ouvir a palavra meliponicultura, o que vêm à sua cabeça? Ainda pouco conhecida, a técnica consiste na criação racional de abelhas sem ferrão. A falta de conhecimento sobre a prática, ao menos na UFBA, tende a diminuir com a criação da “Ecoestação de Abelhas Nativas Sem Ferrão” ou simplesmente “Meliponário”.O projeto idealizado pelo professor Guido Bragança Castagnino, da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMEVZ) funciona próximo à Escola de Dança e ao PAF V, no campus de Ondina.
Aberto para visitação há quase 2 meses, o espaço que funciona como instrumento de pesquisa para os estudantes de Zootecnia é um importante instrumento de aproximação do público com a natureza. Como uma grande sala de aula ao ar livre, o meliponário recebe crianças de diversas escolas da capital baiana. “Acreditamos que o novo deve ser apresentado aos jovens. As crianças são a nossa prioridade e queremos falar com elas”, afirma o idealizador do projeto.
Somente no Brasil, há mais de 400 espécies de abelhas silvestres sem ferrão, muitas delas com características específicas e propícias para o desenvolvimento agroecológico sustentável. Esse dado incentivou uma exploração predatória por meleiros, que retiravam o mel sem o manejo correto, destruindo as colônias. No decorrer do tempo, a exploração predatória cedeu espaço para a meliponicultura, que além de permitir a produção dos diversos tipos de mel, contribui para a conservação das diferentes espécies.
Com o principal objetivo de servir como ferramenta para uma ACCS (Ação Curricular em Comunidade e Sociedade) de meliponicultura, o meliponário ainda não produz mel e foca na expansão das colônias. A construção do espaço, que é apoiada pela Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (SUMAI), ainda está em andamento. “A nossa maior dificuldade foi encontrar um espaço, agora que encontramos, muitas coisas ainda serão feitas”, declarou Guido.
As crianças
Apesar de reforçar a importância do projeto para os estudantes de Zootecnia, para Guido, existem outros alunos muito especiais: as crianças.“Trazemos escolas de ensino fundamental para cá, queremos que elas aprendam, de forma lúdica, um pouco sobre a biologia da abelha e sua importância para o meio ambiente”. Coordenador de outras ACCS, ele afirma que sempre trabalhou com crianças pois acredita que a educação ambiental precisa ser ensinada a elas. “Temos que trabalhar com os jovens, não existe outro jeito”, concluiu. O contato com os colégios acontecem através de ofícios que o próprio meliponário envia para as escolas. Desde que o espaço foi aberto ao público, já foram registradas quase 300 visitas.
Fã assumido das abelhas, Marcelinho Lordelo, no auge dos seus 10 anos de idade, é um dos frequentadores mais assíduos do meliponário. Capaz de identificar grande parte das 400 espécies do inseto, aperfeiçoou seus talentos e hoje ministra aulas para os visitantes. Além de aprender sobre as abelhas, o pequeno também dá aulas sobre elas para os visitantes. Guido afirma que Marcelinho é um grande parceiro e considera muito especial o amor que o menino têm pelas abelhas. “Elas são como animais de estimação para ele, inclusive, o único livro que Marcelinho gosta de ler são sobre elas”, conta, aos risos.
Apesar das grandes conquistas, ainda há muito por vir. Em fevereiro, o Meliponário irá ministrar cursos sobre a prática e disponibilizar vagas tanto para alunos da UFBA, como para a comunidade externa. De melhorias na infraestrutura até a comercialização do mel, o coordenador afirma que o projeto estará eternamente em construção. “Ideias novas surgem o tempo inteiro”, comentou.
Parabéns ao Professor Castagnino, pelo projeto “Ecoestação de Abelhas Sem Ferrão”, uma ação em prol da natureza, do manejo correto, evitando a extinção e mais um avanço na educação ambiental, área tão carente em nosso país.