Mesa discute ensino, pesquisa e extensão em arte e cultura
*Por Igor Tiago
Os problemas e dilemas no ensino, na pesquisa e na extensão universitárias foram trazidos, abordados e discutidos na mesa 4 do Seminário Cultura e Universidade, ocorrida na tarde da última terça-feira, 23, em Salvador. A mesa foi composta por Juana Nunes (Diretora de Educação e Comunicação para a Cultura da Secretaria de Políticas Culturais – MinC), Pablo Ortellado (Professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidade – USP), Ivana Bentes (Diretora da Escola de Comunicação – UFRJ) e pela mediadora do debate Dulce Aquino, Pró-Reitora de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da UFBA.
Os principais desafios colocados para os três pilares da universidade no desenvolvimento da cultura nas instituições foram enfatizados a partir da compreensão de que a cultura revela e institui os modos de criar, fazer e viver de uma sociedade. O principal dilema dentro do mundo universitário seria abrir a extensão para os movimentos culturais e sociais, aceitando suas interferências e contribuições. Para Ivana Bentes, essa troca de saberes é muito importante em todos os estágios da formação. “O principal desafio da extensão é se radicalizar, para fora, abrir a extensão para os movimentos culturais e sociais, porque, por enquanto, os projetos ainda beneficiam apenas os próprios estudantes das universidades”, afirma.
“As pessoas que estão fora da universidade também são produtoras e portadoras de reflexões, pensamentos e conhecimentos. É necessário fazer um esforço mais ativo para recebê-las de maneira digna e reconhecê-las como investigadoras”, diz Pablo Ortellado, em relação ao objetivo do Encontro Nacional de Pesquisadores em Cultura, que acontece em setembro, na Universidade de São Paulo (USP). Essa interlocução resulta em ideias e entendimentos novos, possibilitando um conhecimento cultural aprofundado.
Economia da cultura, direitos autorais, crise no modelo atual de ensino, importância da pesquisa e a falta de atenção com a extensão foram outros assuntos discutidos. Ivana Bentes falou sobre as salas e os laboratórios das universidades a que os discentes não possuem acesso, e que continuam com portas fechadas desde que ficaram prontos. Ressaltou a importância de levar para sala de aula estudantes de todas as modalidades e falou sobre a pouca evidência da extensão: “a extensão ainda é o ‘patinho feio’ no tripé pesquisa, ensino e extensão”. Pablo Ortellado descreveu as “posições marginais” que ocupam alguns temas desse debate: “o Ministério da Cultura tem o papel muito importante em nos apoiar, nem tanto financeiramente, talvez mais politicamente, para que a gente possa vencer as barreiras da Capes, do CNPq e do MEC para que as nossas pesquisas sejam efetivadas”, finalizou.
A reintegração dos ministérios da cultura e da educação também foi abordada no debate, na fala de Juana Nunes. A Diretora de Educação e Comunicação para a Cultura da Secretaria de Políticas Culturais do MinC explicou a importância do Sistema Nacional de Produção Cultural. Falou ainda sobre a necessidade de criação de um espaço para experimentação na universidade, onde o novo, o ousado e as novas formas de produção cultural possam acontecer. O diálogo entre os saberes produzidos nas universidades e na sociedade deve possuir uma abertura às diversificadas manifestações culturais e às demandas contemporâneas, advindas de novos atores culturais.