Mostra B.I. de Artes dá visibilidade aos trabalhos artísticos dos estudantes da UFBA
* Por Igor Tiago
Começou nessa segunda (08) e segue até quarta (10), no Teatro Martim Gonçalves a Mostra das turmas do Bacharelado Interdisciplinar em Artes do semestre de 2012.2. A mostra é resultado do componente ‘ação artística 2’, do BI do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência Professor Milton Santos. Como explicou, no primeiro dia de apresentação, a professora Marilda Santana, a mostra serve para amadurecer o trabalho feito ao longo do período de estudos. “Cada professor responsável pelo componente ‘ação artística’ vai desenvolvendo seus próprios temas, suas próprias maneiras de fazer e de pensar sobre um determinado tema. Eu considero a mostra como a culminância desse processo”, comentou Marilda.
No primeiro dia das apresentações artísticas, foram exibidos os trabalhos de três turmas, duas da professora Elisa Mendes e uma da professora Marilda Santana. Cada professor recebe 20 minutos para desenvolver, juntamente com seus alunos, o produto artístico e apresentá-lo, como resultado dos temas discutidos em classe.
Na segunda-feira, a professora Marilda Santana resolveu trabalhar na sua turma o conceito de alta cultura e baixa cultura, buscando como exemplo o kitsch, o cult e o brega. Seminários, exercícios cênicos, audição de músicas e videoclipe são os instrumentos usados em sala de aula pela professora, levando o aluno a refletir sobre esses conceitos. Explorando o tema, os alunos promoveram uma mostra fotográfica, feita e customizada por eles. Também foi exibido um vídeo produzido pelos alunos chamado “Kitsch e Decoração”, que mostrava itens de decoração, imagens de ambientes domésticos e roupas que remetem a essa temática, ao som da eletrizante canção “Baile de Peruas – No Porn” que fala exatamente sobre o tema.
á a professora Elisa Mendes resolveu trabalhar em sala com o projeto “o olhar”. As perspectivas de pensar a diversidade de olhares, o olhar dentro da cultura, o olhar como identidade, processo das narrativas do olhar foram tema de alguns dos debates em sala de aula. Além disso, a professora trabalhou também com perspectivas diferenciadas em múltipla linguagem (artes plásticas, música, teatro, cinema, literatura) sobre o olhar e também com a ideia do micro e macro olhar e as suas dimensões. “O artista tem que instigar esse olhar, que é um olhar ativo, um olhar que entende que aquilo que ele contempla, contempla o criador também. O olhar transforma. O retorno que a gente tem no final do semestre é como eles (os alunos) consideravam o olhar deles pouco ativo, então é ampliada essa percepção, é ampliado esse mundo que às vezes o cotidiano não deixa a gente ver o que está a nossa volta”, diz Elisa Mendes. Uma de suas turmas apresentou “Piscadas de Morfeu”, que mesclou audiovisual com teatro e contou com a exibição de um filme produzido pelos próprios alunos.
A outra turma também mesclou audiovisual e teatro, com uma apresentação voltada ao olhar sobre o casamento, mais precisamente sobre a noiva, como uma narrativa de alguém que passa uma transformação que se reconfigura a partir de um momento, de uma cerimônia. O olhar através do pensar da morte também foi abordado na encenação teatral.
Importância – De acordo com Marilda Santana, a discussão de conceitos contemporâneos é importante para o amadurecimento dos alunos. “Eu acho fundamental a discussão desses temas em sala de aula, porque alguns alunos vêm ainda sem ‘acervo de referências’ mais profundo e consistente em relação a: o que é o B.I. de Artes, o que é uma ação artística e os conceitos que a gente trabalha durante o semestre. Eu gosto de trabalhar com conceitos contemporâneos, por isso escolhi o conceito de brega e de cult e também de alta e baixa cultura”, disse. A professora e pesquisadora afirma que é a partir desse trabalho que são criados instrumentos de avaliação e de reflexão dos próprios alunos. “Esses instrumentos levam o aluno a refletir sobre esses contextos e também a experimentá-los”, define.
Para Elisa Mendes, outro fator que torna a mostra importante é trazer os alunos para o espaço profissional da arte, junto ao público. “Muitos alunos às vezes participam de um curso de artes e não têm essa experimentação de um contato com o espaço profissional da arte, então, juntar-se ao público é um elemento fundamental do processo de aprendizagem. Participar de uma ação cênica, entender como ela funciona, entender os mecanismos é super importante também”, opina. Segundo ela, o trabalho feito com os estudantes abre um leque de opções profissionais. “Temos que pensar que não são necessariamente intérpretes que sairão daqui, mas autores, gestores culturais, pessoas que pensam cultura de uma forma mais abrangente e essa experiência do fazer é fundamental”, conclui.
Para o aluno Milan Marcos, a importância da mostra está na experimentação. “A gente está experimentando o que a gente cultivou durante as aulas da disciplina, sendo assim, essa mostra final vem como upgrade, onde a gente mostra e experimenta. É um processo de troca”, resume.
A mostra B.I. de Artes continua nesta terça (09) e quarta-feira (10), às 18h, no Teatro Martim Gonçalves. A entrada é gratuita.