Mostra de Cinema e Direitos Humanos discute acessibilidade na Facom
Convidados debateram sobre o documentário exibido e questões como invisibilidade, editais e comunicação
Por Luciana Freire
A discussão sobre acessibilidade aumentou nos últimos dias após o tema da redação do enem 2019 sobre democratização do acesso ao cinema no Brasil. Esse debate sobre acessibilidade cultural também foi questão desenvolvida no segundo dia da 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, na última quarta-feira (13).
A mostra acontece em todo o Brasil, e aqui em Salvador foi realizada em parceria com o Cinefacom, no auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA. No segundo dia foi transmitido com audiodescrição o filme “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones”.
Os convidados para a mesa de debate foram o estudante de produção cultural e cego, Ednilson Sacramento, e a coordenadora da Rede Iris, agenda cultural para divulgar eventos que acontecem na UFBA e que disponibilizam recursos de acessibilidade, Jurema Iris.
O documentário “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones” produzido por estudantes da UFSC discute inclusão, a partir da história do grupo musical “Os Goiabeiras”, que tem como integrantes pessoas com deficiência, um com paralisia cerebral e dois com autismo. O grupo surgiu com o objetivo de praticar a musicoterapia, mas com a possibilidade de se apresentar em cafés e eventos, a discussão que o documentário provoca é a de ver o deficiente como alguém que não só deve estar nos espaços culturais mas em ser o produtor cultural.
“O que se discute hoje é acessibilidade para o palco, no palco, no camarim, atrás das câmeras, onde quer que seja, então esse é um lugar que a gente vem ocupando gradualmente”, comentou Ednilson durante o debate.
Para Jurema Iris, expandir o olhar da questão acessibilidade para além do institucional é o mais interessante. “O documentário sai dessa visão institucional da arte-terapia para de fato ir a um local que é espaço cultural, espaço café, e pensar a pessoa com deficiência como uma pessoa de direito cultural e uma pessoa de direito ao trabalho também”.
Durante a conversa com os convidados, também foi debatida a acessibilidade na comunicação e o desafio de divulgar os espetáculos. Muitas das produções se limitam a lei de acessibilidade e os editais, o que demonstra o quanto são necessários.
“É a necessidade de pensar na comunicação com esse público e na modalidade de comunicação”, afirmou Edmilson. Pensando nas especificidades de cada pessoa com deficiência, ele completa: “às vezes um evento tem audiodescrição, mas não é assim divulgado. As pessoas ainda confundem muito. Por exemplo, usam a linguagem de Libras para cegos, e isso é errado. Falta interesse para procurar a linguagem correta”.