Movimento Passe Livre Salvador dá continuidade a protestos
Últimas manifestações, na quinta-feira, 27, e domingo, 30 de junho foram marcadas por defesa de carta de reivindicações e de repúdio à violência. Novas reuniões acontecem na semana das comemorações do Dois de Julho.
*Por Guilherme Reis
Comércios fechados, policiais militares de prontidão em cada viela, tráfego interditado. Era esse o cenário da Avenida 7 de Setembro, na última quinta-feira, 27 de junho. Temendo as depredações que assolaram vários estabelecimentos no último dia 20, data de outra manifestação, os comerciantes fecharam as portas logo no início da tarde e o tráfego na região foi bloqueado pela Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador). Perto dali, embalados por gritos como “Vem pra rua que a luta cresce!”, cerca de 3 mil pessoas seguiam em marcha para a Prefeitura, com o intuito de entregar uma carta de reivindicações ao prefeito ACM Neto. Organizada pelo Movimento Passe Livre Salvador (MPL), o grupo partiu do Campo Grande por volta das 14h sob uma chuva fina e insistente, mas nem assim os manifestantes desanimaram.
Depois de entregar a carta a um representante do prefeito, parte dos manifestantes seguiu para a Estação da Lapa, onde promoveu um ato sob os clamores “Queremos uma Lapa nova!” e “Fora Rede Globo!”. Em seguida, pararam os ônibus que chegavam à estação e entraram pela porta da frente, alegando que “Hoje o passe é livre!”. Tudo, porém, realizado de forma pacífica. Este, aliás, era um dos ideais do movimento, como afirmou um dos organizadores, o estudante de Direito da Ufba Bruno Oliveira: “O Movimento Passe Livre deu uma lição de moral através do nosso aspecto comportamental. Repudiamos qualquer tipo de violência, principalmente a ocorrida anteriormente por parte da tropa de choque”. E acrescentou que o caráter pacífico seria mantido caso não houvesse “reação covarde por parte da polícia”.
Entretanto, não foi o que aconteceu. Por volta das 19h30, quando a maioria dos manifestantes já tinha ido embora, um pequeno grupo de baderneiros investiu contra a PM, que contra-atacou atirando balas de borracha e bombas de efeito moral. De acordo com a Comissão de Comunicação do MPL, não há como definir de quem se tratavam os baderneiros: “Não conhecemos as pessoas que entraram em confronto com a polícia na quinta-feira, não são participantes das Assembleias realizadas no Passeio (Público). O importante é frisar que essas atitudes violentas de pessoas mal-intencionadas não representam o Movimento Passe Livre Salvador”, declarou a Comissão.
NOVOS ATOS
Um novo protesto, que reuniu cerca de 500 pessoas, foi realizado no último domingo (30 de junho). A concentração teve início às 9h, no Campo Grande, e marchou em direção à Arena Fonte Nova, às 14h. Ao se aproximarem do estádio, porém, os manifestantes se depararam com uma barreira formada pela PM. Alegando preocupação com a segurança e a integridade física dos membros do movimento, um grupo de dissidentes decidiu retornar ao Campo Grande e “dar o ato por encerrado”.
A Comissão de Comunicação reforçou que tal informação é inverídica e que “o Movimento Passe Livre Salvador só participou da manifestação que seguiu o caminho pré-determinado. Alguns veículos de comunicação noticiaram equivocadamente a informação de que 50 manifestantes do MPL seguiram para o Hotel Sheraton, pois encerramos o ato assim que os manifestantes foram naturalmente se dispersando do local pré-determinado pela plenária – a saber, a Arena Fonte Nova”.
Ainda de acordo com a Comissão de Comunicação, um ato está programado para o dia 2 de julho, com concentração às 7 horas, no posto de gasolina que fica na entrada da Lapinha. No dia 3, às 13 horas, haverá outro ato em frente à Câmara Municipal de Vereadores, para acompanhar a votação que decidirá a realização de audiência pública para ouvir as reivindicações do Movimento. E na quinta-feira, dia 4, ocorrerá uma assembleia extraordinária no Passeio Público para decidir os rumos do movimento.