Músico argentino Carlos Quilici se apresenta na UFBA

O artista falou sobre a história do Tango e do Bandoneón e fez um pequeno show de músicas tangueras     

Por: Glenda Dantas

O IHACLab-i foi palco, na última terça, 28,  do evento “Os segredos do bandoneón”. A atividade consistiu num bate-papo musicado sobre o instrumento símbolo do tango, com o músico argentino Carlos Quilici, que esteve acompanhado do também músico e professor argentino Juan Ignacio Azpeitia. O evento contou também com apresentação dos dançarinos de tango María Faustina Piñeyrua e Frederico Ganon. E apresentação do Projeto Pachamãe com o professor de Letras e organizador do evento Dani Velasquez.

Através da história original do tango, o bandoneonista convidou o público a repensar e desconstruir a ideia de que o estilo musical é apenas herança européia. De acordo ele, a palavra tango significa “reunião de escravos negros que bailavam” e, em meados do século XIX, nasce como uma dança no “arrabal”, como eram chamadas na época as periferias. Lá misturavam-se negros, crioulos, indígenas e europeus: povos que deram origem às populações urbanas de Montevideo e Buenos Aires, principalmente.

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Carlos Quilici se apresenta no IHACLab-i / Foto: Glenda Dantas

A história do bandoneón se assemelha  com a do tango em um aspecto: ambos são frutos da imigração. Segundo Quilici,  a origem do instrumento musical se deu antes da II Guerra Mundial, na Alemanha, mas não se sabe ao certo o período de sua chegada à América do Sul.  “Era algo muito novo e os músicos da época tiveram que desvendar métodos para manusear o instrumento, que é muito difícil e complexo de tocar”, explica.

Para o músico, falar em bandoneón é pensar no tango”. O instrumento, que é o mais representativo desse estilo musical, sempre foi feito de modo artesanal e “produz o som a partir da vibração de palhetas de aço rebitadas em chapas de metal que podem ser de zinco ou alumínio”, explica. Sobre como aprender a tocar o instrumento, considerado complexo, Carlos afirma que é necessário “muita dedicação para memorizar cada nota”, já que existem muitas disposições de escalas. Além disso, a extensão do instrumento varia de 52 botões (104 tons) a 78 botões (156 tons).

Filho de pai músico, Quilici é conhecido mundialmente pelo seu trabalho e contribuição para o tango. Ele começou a carreira pequeno, participou de diversos grupos musicais e desde 2010 tem sua própria orquestra. Aos 50 anos, Carlos Quilici é professor de bandoneón da Escola de Música da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, e já se apresentou em diversos países como Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha e Inglaterra.

Pachamãe – Além do bate-papo com Carlos Quilici, “Os segredos do bandoneón” contou com a apresentação do Projeto Pachamãe,  um coletivo de difusão e debate sobre a arte, cultura e política latinoamericana. Formado por estudantes e profissionais do Brasil e de outros países da América Latina,  trata-se de um projeto de extensão do Instituto de Letras da UFBA  criado por Dani Velasquez, a partir da sua tese de doutorado intitulada “Das armas e das letras: a violência no romance latino americano contemporâneo”. O  intuito, segundo ele, é  “desmistificar o preconceito de violência sob o qual a América Latina é vista”, explica Velasquez.

Promover eventos como esse, que trouxe o músico Carlos Quilici, é uma das tentativas do coletivo em fornecer ferramentas para que o público da UFBA saia do “desconhecimento da cultura dos outros países da América Latina”, conta.

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María Faustina Piñeyrua e Frederico Ganon / Foto: Glenda Dantas

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